Crime no Carrefour
ONU diz que morte de João Alberto "evidencia as diversas dimensões do racismo" no Brasil
Debate sobre problema social é "urgente e necessário", afirmou a organização em nota
O escritório brasileiro da Organização das Nações Unidas (ONU) se manifestou em comunicado sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas em um supermercado da rede Carrefour, no bairro Passo D´Areia, em Porto Alegre, na última quinta-feira (19). Na nota, a ONU diz que o fato "evidencia as diversas dimensões do racismo e as desigualdades encontradas na estrutura social brasileira".
A entidade divulgou dados sobre a morte de pessoas negras no país e demonstrou preocupação:
"Dados oficiais apontam que a cada 100 homicídios no país, 75 são de pessoas negras. O debate sobre a eliminação do racismo e da discriminação racial é, portanto, urgente e necessário, envolvendo todas e todos os agentes da sociedade, inclusive o setor privado", diz o texto.
João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, foi espancado até a morte no estacionamento do supermercado Carrefour por seguranças (veja o vídeo abaixo). O fato ocorreu na noite de quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.
Leia a nota na íntegra:
"A ONU Brasil manifesta solidariedade à família de João Alberto Silveira Freitas, que foi brutalmente agredido na noite de 19 de novembro de 2020 e veio a óbito em seguida, na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul.
A violenta morte de João, às vésperas da data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil, é um ato que evidencia as diversas dimensões do racismo e as desigualdades encontradas na estrutura social brasileira. Milhões de negras e negros continuam a ser vítimas de racismo, discriminação racial e intolerância, incluindo as suas formas mais cruéis e violentas. Dados oficiais apontam que a cada 100 homicídios no país, 75 são de pessoas negras. O debate sobre a eliminação do racismo e da discriminação racial é, portanto, urgente e necessário, envolvendo todas e todos os agentes da sociedade, inclusive o setor privado.
A proibição da discriminação racial está consagrada em todos os principais instrumentos internacionais de direitos humanos e também na legislação brasileira. A ONU Brasil insta as autoridades brasileiras a garantirem a plena e célere investigação do caso e clama por punição adequada dos responsáveis, por reparação integral a familiares da vítima e pela adoção de medidas que previnam que situações semelhantes se repitam. Convida também toda a sociedade brasileira, a partir da Campanha Vidas Negras, a participar ativamente da construção de uma sociedade igualitária e livre do racismo.
Vidas negras importam e não podem ser deixadas para trás".