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Protesto contra racismo em frente ao Carrefour é dispersado após derrubada de gradil e rojões

Assassinato de João Alberto Freitas, espancado até a morte na unidade do Passo D'Areia, provocou atos públicos em vários locais do Brasil

24/11/2020 - 08h46min

Atualizada em: 24/11/2020 - 09h01min


Eduardo Paganella
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Laura Becker
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Isadora Neumann / Agencia RBS
Faixa pede "Justiça por Beto"

Um novo ato foi realizado nesta segunda-feira para homenagear João Alberto Freitas, morto na última quinta-feira (19) em Porto Alegre. O protesto foi organizado por meio das redes sociais e ocorreu no Carrefour da Avenida Bento Gonçalves, no bairro Partenon, e não na unidade do bairro Passo D'Areia, onde Beto foi morto. 

A manifestação começou pacífica, mas o clima ficou mais tenso assim que o sol se pôs. Um grupo passou a atirar rojões contra o estacionamento da loja e derrubou uma parte do gradil do Carrefour. O Batalhão de Choque, que estava posicionado no local, passou a avançar contra os manifestantes e atirar bombas de efeito moral. O grupo queimou pneus e fez uma fogueira no leito da Avenida Bento Gonçalves. O avanço da BM dispersou o ato, que começou com a participação de vários grupos antirracistas, que passaram a circular pelas vias do bairro Intercap. Duas pessoas tiveram ferimentos leves. A Bento Gonçalves foi liberada às 21h30min.

Por volta das 20h, a Brigada Militar iniciou a dispersão dos manifestantes. De acordo com o comandante do policiamento da Capital, tenente-coronel Rogério Stumpf, a medida ocorreu pois a manifestação deixou de ser pacífica.

— Decidimos agir para pois os manifestantes começaram a quebrar as grades, paradas de ônibus e colocar fogo em pneus. A partir do momento que houve a perturbação da ordem, foi necessário agir — afirmou o comandante.

Ato pacífico à tarde

Durante a tarde, faixas e cartazes pediam justiça, criticavam a rede de supermercado e manifestavam indignação com o racismo estrutural do Brasil. Morador de Gravataí, Rudimar Nunes, de 24 anos, afirmou que decidiu participar do protesto em memória a vários negros que morreram de forma injusta.

— A gente sabe que tem leis. Mas, todos os dias, pretos e pretas morrem. Eu vim de Gravataí pra cá. Não é vitimismo. Estamos morrendo todos os dias. Brancos não morrem por serem brancos — disse o estudante de serviço social.

Em uma roda com amigas, Natália Machado dos Santos, de 24 anos, comentava que pensar na família a motivou a participar do ato.

— Por ser negra, ser mãe de um menino negro, eu decidi vir. Aquelas imagens me fizeram mal. Isso me chocou. Foi racismo. E ele está no nosso dia-a-dia —  disse.

Em função do protesto, a rede Carrefour encerrou as atividades na unidade do bairro Partenon às 16h30. Os funcionários foram liberados e as lojas do complexo fecharam mais cedo. O supermercado deve abrir as portas nesta terça-feira às 8h. 



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