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 Operação policial

Empresas do Rio que agenciam atores e jogadores de futebol são investigadas por envolvimento com quadrilha gaúcha

Suspeita é de que esquema criminoso foi montado para lavar dinheiro do jogo do bicho a partir do Rio Grande do Sul

16/12/2020 - 09h21min


Cid Martins
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Polícia Civil / Divulgação
Com apoio de policiais civis do Rio de Janeiro, mandado de busca foi cumprido em empresa que agencia jogadores de futebol

A Polícia Civil gaúcha investiga esquema de lavagem de dinheiro de jogos de azar por meio de aquisição de bens e abertura de seis empresas, localizadas no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Após deflagrar operação nesta terça-feira (15) com 95 ordens judiciais nos três Estados, dois locais na capital fluminense foram alvo da ação dos 150 agentes: uma agência de atores e outra de jovens jogadores de futebol. A suspeita é de que as duas empresas e mais quatro seriam ligadas a um gaúcho apontado como mentor da organização criminosa

A investigação de um ano e quatro meses é do delegado Marcus Viafore, titular da Delegacia de Repressão ao Crime de Lavagem de Dinheiro do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ele ressalta que as empresas — que teriam sido constituídas para blindar o patrimônio adquirido principalmente com o jogo do bicho — são dos ramos de consultoria, depósito de mercadorias ou móveis para terceiros e locação de veículos, mas duas delas chamaram a atenção dos agentes durante a apuração que deu origem à chamada Operação Imperatore.

Viafore ressalta que o grupo investigado possui empresa que agencia diversos jogadores de futebol em início de carreira. Já a outra, que contrata figurantes para TV, cinema, comerciais, videoclipes e eventos, tem ligação investigada dentro do esquema criminoso. Nesse local, inclusive, foram apreendidos nesta terça-feira R$ 25 mil.

— O objetivo da operação foi buscar mais provas, além do que já obtivemos, para confirmar se essas seis empresas eram usadas para lavar dinheiro do jogo do bicho investigado a partir do Rio Grande do Sul — diz Viafore.

O suspeito de ser o mentor do esquema é o gaúcho Vanderlei Gonçalves Nogueira, apontado por estar nesse tipo de atividade há duas décadas. Em 2012, por exemplo, ele foi alvo de investigação também do Ministério Público Estadual. A polícia não divulgou nomes, mas GZH apurou que ele consta como dono da empresa que agencia jogadores e, em um perfil nas redes sociais, aparece em várias postagens suas como envolvido com a agência de atores. O objetivo é saber se a suspeita de ligação com o jogo do bicho se confirma.

O advogado Luiz Henrique de Oliveira, que defende Nogueira, diz que acompanhou um dos mandados de busca nesta terça-feira, em Porto Alegre, e que vai se manifestar depois que conseguir ter acesso ao inquérito policial. Ele lembra que o cliente teve pedido de prisão indeferido pela Justiça, assim como outros suspeitos investigados.

Jogo do bicho pelo telefone

O suspeito também é apontado por estar em negociação com uma empresa paulista que estaria desenvolvendo um aplicativo com o objetivo de realizar o jogo do bicho pelo celular, o chamado "jogo do bicho online". A polícia apura como o software funciona e se ele estava sendo produzido para a organização criminosa que foi alvo da Operação Imperatore.  

Operação Imperatore

A operação contou com 150 agentes no cumprimento das 95 ordens judiciais, sendo 29 mandados de busca no litoral norte gaúcho, em Porto Alegre, um em São Paulo e três no Rio. Viafore ainda obteve o bloqueio judicial de R$ 17 milhões em bens como 24 veículos, muitos de luxo, nove imóveis, um deles na Barra da Tijuca e outro em Xangri-lá, além do bloqueio de contas bancárias de 33 investigados.

Matheus Felipe / RBSTV
Operação policial contou com 150 agentes que cumpriram mandados no Rio Grande do Sul, em São Paulo e no Rio de Janeiro



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