Polícia



Vale do Rio Pardo

 Homem que matou pais e irmã de um ano em Tunas teria premeditado o crime, diz polícia

Investigação diz que essa hipótese, após provas obtidas, derruba tese de legítima defesa

19/02/2021 - 07h00min


Cid Martins
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Brigada Militar / Divulgação
Polícia aguarda resultado de necropsia feita nas três vítimas, bem como de perícia na casa incendiada e em duas armas

A Polícia Civil descobriu novas provas que indicam um crime premeditado em relação à morte de um casal e da filha deles na sexta-feira da semana passada na pequena cidade de Tunas, no Vale do Rio Pardo. O autor confesso do triplo homicídio é o filho mais velho da família, Jaime Schoeninger dos Santos, 23 anos. Ele, que após o crime passou a noite em uma boate, foi preso no enterro da família no último domingo, alegando legítima defesa.

A investigação descobriu, porém, que um dos motivos do crime seria o descontentamento dele pelo fato de a irmã ser a herdeira dos bens, e que, antes de incendiar a casa com a família dentro, ele retirou do local documentos pessoais sobre propriedades e investimentos da família.

A delegada de Candelária, Alessandra Xavier de Siqueira, responsável pela investigação, destaca ter obtido fortes indícios de que o crime foi planejado. Apesar de Jaime alegar que havia se defendido do pai — após ele ter errado um tiro — e de que não tinha intenção de matar a mãe em um ato impulsivo, a polícia afirma que não houve tentativa de socorro e que foi ateado fogo não só no corpo de Adão Schoeninger, 66 anos, mas também no entorno da residência.

Alessandra ainda apura se Marlene, 43 anos anos, se trancou com Jamile, de um ano e quatro meses, ou se elas foram trancadas dentro do banheiro. As duas morreram abraçadas e carbonizadas.

Sobre a morte de Adão, o exame laboratorial preliminar apontou presença de sangue. Isso indica que a vítima, conforme relato do filho, pode ter sido mesmo baleada antes e depois carbonizada. Mas Alessandra diz que, conforme depoimento, essas provas obtidas derrubam o relato do preso em relação a ter agido em legítima defesa.

— Primeiro, ele não tentou socorrer as vítimas. Depois, foi comemorar em uma boate de Espumoso, gastando até R$ 2 mil, tanto na madrugada após o crime quanto na outra. E ele teve o cuidado de tirar da casa, antes de botar fogo, documentos importantes sobre bens e investimentos da família. Ou seja, isso não é uma atitude de reação rápida ou impulsiva, isso é um ato calculado, passo a passo. Durante todo o depoimento, ele foi bem frio ou se mostrou teatral, com indícios de choro forçado ao falar da mãe e da irmã — ressalta Alessandra.

Jaime teve prisão temporária decretada por 30 dias a partir da prisão, no último domingo, mas a polícia estuda pedir a prisão preventiva dele nos próximos dias.

Nesta quinta-feira (18), foram ouvidas mais testemunhas, um familiar e uma dançarina da boate que o homem, de acordo com o inquérito, tentou usar como álibi. A delegada Alessandra também obteve informações de que ele teria passado duas noites no local em festa e comemorando o fato, inclusive prometendo um churrasco para outras pessoas.

Inquérito 

O inquérito apura um triplo homicídio qualificado por motivo fútil e por impossibilitar a defesa das vítimas. A reportagem tenta falar com a defesa do preso desde a última segunda-feira, mas a polícia diz que ainda não houve contato de nenhum advogado.

Além da necropsia, principalmente em relação ao pai de Jaime, a polícia também aguarda perícia em duas armas. Uma do preso, que teria sido usada para atirar em Adão, e outra da própria vítima. Alessandra não descarta exumação dos corpos, mas em um segundo plano, se o Instituto-Geral de Perícias (IGP) não conseguir detectar se houve ou não disparos. Por enquanto, não se achou nenhum projetil na residência da família.


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