Investigação
PF mira duas famílias do norte do Estado por envolvimento em distribuição de dinheiro falso
Casos de Passo Fundo e Erechim envolvem o pagamento de compras em briques de redes sociais com cédulas falsas e o o repasse das notas irregulares no comércio
Duas famílias do norte do Estado estão na mira da Polícia Federal (PF) por suspeita de envolvimento em distribuição de dinheiro falso. Um dos casos envolve o pagamento de compras em briques de redes sociais com cédulas falsas e o outro o repasse das notas irregulares no comércio. A investigação resultou em duas operações com busca e apreensão e agora tenta avançar para a origem da moeda falsa.
A primeira é formada por um casal de irmãos e um cunhado de Passo Fundo que acertavam a compra de smartphones e videogames em sites de briques pela internet. No momento de efetivar a venda, se encontravam com as vítimas e pagavam os equipamentos com notas falsas. As pessoas só se davam conta ao tentar depositar o dinheiro ou a ir ao comércio para usá-las.
A polícia apura o possível envolvimento de outros integrantes da mesma família no crime. Sete pessoas registraram ocorrência na Polícia Civil, que encaminhou os registros e as moedas para análise da Polícia Federal, responsável por investigar o crime.
Segundo o delegado da PF em Passo Fundo Eduardo Nobre Bueno Brandão, a família utilizava o mascaramento do IP do computador, uma técnica que evita a identificação dos equipamentos usados nas transações.
Após análise de todas as ocorrências registradas, o inquérito na PF foi aberto e as vítimas reconheceram o casal de irmãos. A polícia também tenta identificar o valor movimentado — a média de cada venda girava em torno de R$ 1,7 mil a R$ 2 mil. O homem, que confessou o crime, foi indiciado por falsificação de moeda e a mulher, que era adolescente na data dos delitos, não foi responsabilizada. A participação do cunhado segue em análise.
Em Erechim, o alvo da investigação é um casal que efetuava compras no comércio da região e entregava notas falsas de R$ 50 e R$ 100 nos pagamentos. Donos de restaurantes e mercados também perceberam o crime ao tentar depositá-las no banco. Seis estabelecimentos registraram ocorrência na Polícia Civil.
É importante que não se destrua as notas para conseguirmos chegar nos criminosos.
EDUARDO NOBRE BUENO BRANDÃO
Delegado da PF em Passo Fundo
— É importante que não se destrua as notas para conseguirmos chegar nos criminosos. Os estabelecimentos que têm sistema de câmera com qualidade ajudam na identificação dos suspeitos — explica o delegado.
O casal foi indiciado. Em depoimento, ambos permaneceram em silêncio. Os crimes investigados são falsificação de moeda, introdução em circulação de moeda falsa e associação criminosa.
Em 10 de março, foi deflagrada a Operação Denarius com busca e apreensões em Passo Fundo e Erechim, focando nas duas famílias. Nas duas residências foram apreendidos equipamentos — como celulares e computador — que estão sendo analisados. Cédulas falsas não foram encontradas. Em Passo Fundo, os bens comprados das vítimas, como iPhone e Playstation de última geração, não estavam no imóvel. Uma segunda ofensiva aconteceu nesta segunda-feira (22) e avançou no cumprimento de mandado de busca e apreensão na residência em Passo Fundo da pessoa que teria fornecido notas à família.
— Na primeira operação identificamos a possibilidade de um terceiro envolvido e fomos na casa dessa pessoa nesta segunda fase buscar elementos que podem envolver suspeitos da Grande Porto Alegre — afirma o delegado.
A investigação aponta que a família de Passo Fundo agia desde 2017 e a polícia apura suspeitas de que o crime também era cometido fora da cidade. Nos dois casos, o próximo passo da investigação é identificar a origem das notas falsas.
Cuidados ao comprar equipamentos em briques da internet
- Opte por efetuar o pagamento por transferência bancária — doc, ted ou pix. O procedimento oferece mais segurança do que receber altas somas em espécie
- Caso receba dinheiro em notas, marque o encontro em um local em que você tenha condições de verificar se a cédula é verdadeira, como instituição bancária e lotérica
- Você mesmo pode avaliar se as notas são verdadeiras, caso saiba verificar todos os mecanismos de segurança utilizados pela Casa da Moeda
- Os criminosos se aproveitam do constrangimento que a vítima pode ter em checar as cédulas e, muitas vezes, a entregam dentro de envelope e vão embora
- Evite efetivar a compra à noite, pois não se consegue ver bem a pessoa, há mais dificuldade em verificar a qualidade da nota e, caso ocorra em via pública vigiada por câmera de segurança, a filmagem não contará com a mesma qualidade que teria em dia claro
- No caso de comerciantes, tenham câmeras de segurança que registrem imagens com boa qualidade para facilitar a identificação dos suspeitos
- Ao perceber que está com notas falsas procure a Polícia Civil e não destrua a moeda. Sem notas não há crime