Município de Saudades
Matador atacou creche na hora do intervalo do trabalho; entenda o passo a passo do crime em SC
Três crianças de menos de dois anos e duas professoras foram mortas
No mesmo dia em que invadiu a Escola Infantil Pró-Infância Aquarela e matou três bebês e duas professoras em Saudades (SC), Fabiano Kipper Mai, 18 anos, saiu de casa antes do amanhecer desta terça-feira (4), no bairro Morada do Sol, e foi trabalhar, no Centro da cidade.
Kipper é funcionário de uma fábrica de roupas e calçados e atua bordando confecções. Bateu o ponto às 5h. Saiu para o intervalo às 9h15min e cometeu o atentado que parou a cidade de 9 mil habitantes no oeste catarinense.
— Ontem (terça-feira) ele trabalhou quieto, calado como sempre, como se nada fosse acontecer. Estávamos voltando do intervalo e ouvimos os Bombeiros. Quando ficamos sabendo que era ele, não acreditamos — contou a GZH um colega de trabalho que preferiu falar na condição de anonimato.
Antes de ir para a escola pedalando, ele passou em casa, onde fez um lanche.
— Eu vi ele chegando de bicicleta, estava usando um moletom e mochila, fez a volta na quadra, parou e entrou pelo portão. Entrou como um pai de uma criança entraria — afirma um vizinho que estava sentado em frente ao pátio de caso instantes antes do ataque começar.
Também vizinha da escola, a atendente educacional Aline Biazibetti, 27 anos, não estava na creche pois trabalha à tarde. Ouviu os gritos e correu em direção ao educandário. Resgatou um bebê de um ano e oito meses que o mecânico Ezequiel Vargas Pimentel lhe alcançou na calçada:
— O guri estava vivo. Acordado, não chorava e me olhava no olho. Estava com um corte na boca e no pescoço. Eu levei ele para o hospital com meu pai. Eu só pensava em salvar aquela criança. Algumas funcionárias saíram da escola, mas metade estava lá dentro. Ninguém queria abandonar as crianças — recorda Aline, que trabalha há três anos na escola que atende crianças de seis meses a dois anos.
Enquanto socorreu o menino com a ajuda do pai, outras colegas corriam pela Rua Claudino Rudiger pedindo socorro.
— As meninas da limpeza corriam pela rua dizendo que um cara entrou armado e estava matando as crianças. Um dos homens que invadiu catou duas crianças pelo braço que achou que estavam vivos e trouxe para fora da creche. Era um pesadelo — contou.
Na manhã desta quarta-feira (5), GZH refez os passos de Kipper até o momento do ataque.
Como foi o crime
- Antes do ataque a Escola Municipal de Educação Infantil Aquarela Fabiano Kipper Mai, 18 anos, trabalhou. Cumpriu turno em uma empresa de confecção de roupas e calçados da cidade a partir das 5h da manhã. Saiu para o intervalo às 9h15min
- Percorreu nove minutos de bicicleta até sua casa no bairro Morada do Sol. Tomou café, saiu pedalando em um trajeto de oito minutos até a Escola Infantil Pró-Infância Aquarela na Rua Claudino Rudiger. Usava moletom e uma mochila
- Entrou na escola por volta das 10h. A professora Keli Adriane Aniecevski, 30 anos, foi a primeira pessoa com a qual Fabiano se deparou. Ela tentou falar com ele, mas Kipper a atacou com golpes de faca. Ao mesmo tempo, as crianças do berçário se preparavam para sair da sala e ir ao refeitório comer o lanche
- O assassino avançou sobre as crianças e a agente educacional Mirla da Costa Renner, 20 anos, tentou intervir, se colocando na frente dos bebês. “Ele atacou todas as crianças que iam para o lanche”, afirmou o delegado Nilton Casagrande. Cada um dos atingidos levou de quatro a cinco golpes de facão. A polícia ainda não sabe quanto tempo o assassino ficou dentro da escola
- O criminoso tentou avançar para outras turmas, as professoras perceberam a situação e se trancaram dentro das salas com as crianças. Do lado de fora da creche, as pessoas começaram a ouvir os gritos. O mecânico Ezequiel Vargas Pimentel entrou na escola seguido por outros trabalhadores de empresas da Rua Claudino Rudiger e tentaram conter Kipper, quando o criminoso tentou contra a própria vida
- Pimentel recolheu duas crianças pelos braços, enquanto funcionárias da limpeza saíram gritando na calçada pedindo ajuda. A agente educacional Aline Biazibetti, 27 anos, que mora na esquina da escola ouviu e correu para ajudar. Na calçada, Pimentel lhe alcançou um bebê de um ano e oito meses ferido que ela levou para o hospital. O mecânico levou a outra criança para a unidade de saúde
- O criminoso foi amarrado dentro da escola. Bombeiros e Polícia Militar chegam ao local do crime e identificam cinco mortos: duas professoras e três crianças. Machucado, Kipper é levado para hospital da região