Operação policial
Grupo investigado por golpe dos nudes no RS criou até roteiro para detentos extorquirem vítimas
Mais de 60 policiais cumpriram 16 ordens judicias em cinco cidades, incluindo três casas prisionais
A Polícia Civil, desta vez em conjunto com a Brigada Militar, fez mais uma ofensiva contra suspeitos de aplicar o golpe dos nudes no Rio Grande do Sul. E mais uma vez, o crime é realizado de dentro das cadeias. Contudo, um roteiro entre os detentos, explicando como abordar e extorquir as vítimas, foi apreendido. Ao todo, 65 agentes cumpriram 16 ordens judiciais em cinco cidades gaúchas, incluindo três casas prisionais.
A investigação é do titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado André Anicet. É chamado golpe dos nudes quando uma pessoa finge ser uma adolescente e mantém contato com homens mais velhos para trocar fotos íntimas, simulando depois acionar pais e a polícia para exigir dinheiro, com o objetivo de não expor a situação. Segundo ele, o grupo é investigado por extorsão e associação criminosa.
Além disso, são sete mandados de prisão preventiva e nove de busca, contabilizando 30 policiais civis e 35 militares. Três suspeitos são detentos de Charqueadas na Região Carbonífera: três da Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), de onde eram feitas as ligações para as vítimas, e um da Colônia Penal Agrícola.
Também há um preso da Penitenciária de Canoas. Os dois detentos que não estão na PEJ, estiveram na casa prisional quando iniciou a apuração policial. Há ainda um criminoso que age nas ruas e também foram cumpridos mandados judiciais em Alvorada e Viamão, na Região Metropolitana, e em Erechim, no norte.
Roteiro
Anicet diz que foram apreendidos diversos materiais, entre eles celulares e anotações. Mas uma destas anotações chamou a atenção dos investigadores. Os detentos na PEJ tinham um roteiro, escrito à mão em duas folhas de caderno. Nele, continham indicações a serem seguidas de como abordar uma vítima, no momento da ligação telefônica e nas trocas de mensagens - como se fossem uma adolescente e um homem mais velho, ou seja, o golpista e a vítima.
Além disso, o roteiro indica como deveriam agir para extorquir as pessoas: se passando por pai da adolescente e por um policial civil. Nome de delegados da polícia gaúcha são usados pelos presos.
Anicet destaca que ainda apura o número total de vítimas, o que só será possível ter com certeza após a quebra do sigilo bancário dos investigados. A operação recebeu o nome de Alfarrábio. Os crimes apurados são extorsão e associação criminosa.
A investigação continua. Vítimas podem entrar em contato com o Deic pelos seguintes números: 0800-510-2828 e (51)98444-0606.