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Estelionatos têm queda em outubro, mas 2021 já tem mais casos do que em todo o ano passado; saiba como não ser uma vítima

Estado teve 5.518 estelionatos no período, enquanto no mesmo mês do ano passado foram 7.166

02/12/2021 - 07h00min

Atualizada em: 02/12/2021 - 07h00min


Bruna Viesseri
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Crime que cresceu durante a pandemia e gera diferentes tipos de prejuízos às vítimas — do emocional ao financeiro —, os casos de estelionato no Estado tiveram queda de 23% em outubro na comparação com o mesmo período do ano passado. Apesar da redução no mês, 2021 já ultrapassou todo o ano passado em número de registros.

De acordo com dados divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), em outubro deste ano foram registrados 5.518 casos de golpes no RS. No mesmo mês do ano passado, o número foi de 7.166.

Para o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos e Defraudações, delegado André Anicet, a diminuição é fruto de trabalho educativo e preventivo desenvolvido pela Polícia Civil. Ele destaca também que a queda pode estar relacionada ao arrefecimento da pandemia.

— As campanhas que fazemos têm o objetivo de deixar as pessoas mais atentas aos golpes, mas orientadas sobre como eles funcionam. Também temos trabalhado para identificar grupos que cometem esse crime. Além disso, essa queda pode ter relação com o fato de a pandemia estar em um momento mais tranquilo, com as pessoas voltando à vida normal e deixando de fazer tantas coisas pelos meios eletrônicos — explica Anicet.

Apesar da queda nos casos em outubro, 2021 já ultrapassa 2020 em número de estelionatos, ainda que o ano não tenha terminado ainda. De janeiro a outubro, foram 72.556 registros, enquanto em todo o ano passado foram 66.512.

— Tem um fator importante que é a facilidade que os criminosos têm de praticar o delito atingindo o maior número de vítimas possível. Se for um golpe pelo WhatsApp, por exemplo, você pode espalhar a mensagem facilmente para várias pessoas. São diversas vítimas que podem ser feitas em pouco tempo — explica o delegado.

Para evitar que o número siga crescendo, o delegado lista formas de evitar ser vítimas de golpes. Uma delas é desconfiar de produtos e serviços que estejam com valores muito abaixo do mercado. Vale também buscar entender de onde vem aquela mercadoria. Nas redes sociais, lojas ou perfis com pouco seguidores e sites amadores exigem atenção redobrada. Outra orientação do delegado é fazer pesquisas sobre a empresa em sites como o Reclame Aqui, que mostram problemas enfrentados por outros consumidores. No momento do pagamento, verifique quem é o beneficiário que irá receber o valor.

— Outro ponto é o fator da pressa. Em geral, lojas grandes, sérias, não tem contato tão direto assim com o consumidor. Elas também não costumam ficar apressando para que o pagamento seja feito de forma imediata.

Anicet também ressalta que o perfil clássico de vítima — o da pessoa idosa que não tem muita experiência com a internet, clica em links maldosos e acaba caindo em um golpe — já não se sustenta mais.

— Hoje é mais generalizado, porque os tipos de golpes se aprimoraram. Tem golpe de compra de produtos, site falso, dos nudes, oferta de empregos.

Anicet também ressalta a importância de as pessoas registrarem os casos na Polícia Civil. Os dados são compilados no sistema e ajudam no trabalho de investigadores. Quanto mais casos são ligados ao mesmo grupo criminoso, por exemplo, maiores as chances de responsabilizá-los de forma mais rígida.

Compra de caminhão virou prejuízo

Uma das vítimas de golpistas neste ano é Bladimir Maier Nunes, 44 anos. Há alguns meses, quando trabalhava com a entrega de hortaliças para um restaurante na Capital, ele decidiu juntar dinheiro para comprar um caminhão melhor para trabalhar.

O veículo escolhido havia sido anunciado em uma oferta no Facebook. Os contatos foram feitos pelo WhatsApp e, em duas das inúmeras mensagens, o suposto vendedor dizia que confiaria em Bladimir  para que fosse feito um negócio justo e honesto.

Nunes fez um depósito inicial na conta repassada pelos criminosos, no valor de R$ 10 mil. Ele chegou a ir até o município de Gramado Xavier, no Vale do Rio Pardo, onde pegaria o veículo, mas ninguém apareceu. Depois, ele foi bloqueado no WhatsApp pelo suposto dono do veículo, com quem vinha acertando o negócio.

A vítima do golpe conta que seguiu vendo o mesmo anúncio sendo feito nas redes pelos golpistas, na tentativa de enganar novos interessados.

— Denunciei essa nova postagem no Facebook, fiz ocorrência na polícia. Não consegui reaver o dinheiro, e é um valor que faz diferença, né? — lamenta Nunes.

Dicas para não ser uma vítima

  • Desconfie de promessas de recompensa ou de lucro fácil. Essa é uma forma dos golpistas atraírem as vítimas
  • Não acredite em desconhecidos que lhe abordam na rua ou por telefone. Não acesse links na internet dos quais não tem segurança. Desconfie
  • Promessa de recompensa é uma das principais estratégias usadas pelos golpistas para atrair as vítimas. Suspeite
  • Não forneça seus dados pessoais para desconhecidos na internet ou por telefone
  • Se alguém lhe pedir uma transferência bancária, alegando que está com problema no aplicativo, por exemplo, ligue para a pessoa antes e se certifique de que é ela mesma 
  • Na hora de comprar algo pela internet, desconfie se o site só aceitar pagamento por boleto ou transferência, se tiver falhas ou erros na página e se o único contato for por WhatsApp
  • Se for vítima, registre o caso na polícia. É possível fazer isso por meio da Delegacia Online
  • Baixe o aplicativo PC alerta da Polícia Civil, onde pode conferir os principais golpes aplicados no RS e como se proteger deles
  • Alerte seus familiares sobre os principais golpes aplicados

Fonte: Polícia Civil do RS


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