O Rio Grande do Sul registrou queda no número de registros de latrocínios e homicídios no mês de novembro, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os crimes diminuíram em 83,3% e 4,1%, respectivamente. No entanto, os casos de feminicídio no Estado registraram aumento, seguindo a tendência já registrada em outros meses, de 16,7%. Os dados foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública do Estado nesta segunda-feira (13).

De acordo com o governo do Estado, no caso dos latrocínios, o número de casos diminuiu de seis casos em novembro de 2020 para um no mês passado — uma queda de 83,3%. Além de ser o menor total desde que teve início a contabilização desse delito, em 2002, a marca representa uma retração de 94,1% na comparação com o pico da série, em 2006, quando 17 pessoas perderam a vida em assaltos.

O único roubo com morte do mês em 2021 ocorreu no último dia 23, no município de Sapiranga. Segundo a polícia, um homem que havia recebido uma quantia em dinheiro de um sindicato profissional foi encontrado caído em via pública, sem os valores e com sinais de agressões na cabeça. Ele chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado até o Hospital de Sapiranga, sendo transferido depois ao Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Canoas, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no dia seguinte.

O registro desse caso em novembro também acentuou a retração dos latrocínios no cenário acumulado desde janeiro. Em 11 meses, o Estado soma 52 roubos com morte, 18,8% menos que os 64 ocorridos no mesmo período em 2020. É também o menor total da série histórica e equivale à retração de 67,1% quando comparado com o pico de 158 mortes em assaltos, em 2016.

Na avaliação de autoridades da segurança pública no Estado, a tendência de redução verificada ao longo dos últimos quase três anos passa pela "investigação qualificada da Polícia Civil, que resulta em mais de 90% de índice de resolução desse tipo de delito, e pela intensificação do patrulhamento ostensivo da Brigada Militar", afirma a secretaria.

Com índice menos expressivo, mas ainda assim em queda, o número de homicídios registrado nos últimos dois meses de novembro recuaram em 4,1% no Estado, passando de 122 mortes para 117. Esse é também o menor total da série histórica desde 2006, segundo ano de contabilização. Em relação ao pico, de 257 assassinatos ocorridos em novembro de 2016, o total atual representa uma retração de 54,5% ou 140 mortes a menos.

A leitura é semelhante no acumulado de 11 meses. Na comparação de períodos entre 2020 e 2021, houve retração de 15%, passando de 1.672 vítimas de homicídio para 1.421. A soma atual de óbitos de janeiro a novembro é também a menor desde 2006 e equivale à queda de 48,1% frente ao pico da série, com 2.737 assassinatos em 2017.

Diante das reduções, o governo do Estado destaca o trabalho desenvolvido pelo Programa RS Seguro. Capitaneado pela SSP, o programa envolve outras sete pastas do Executivo e tem foco territorial, de combate ao crime nos locais com maiores índices e implantação de políticas sociais preventivas.

— É um cenário que vem sendo melhorado a partir da intergração entre os orgãos, do monitoramento, de reuniões mensais, como prevê o RS Seguro. Além disso, também estamos fazendo investimentos na área, como por meio do programa Avançar na Segurança — pontuou o vice-governador do Estado e titular da secretaria, Ranolfo Vieira Júnior.

Segundo o governo gaúcho, dos 251 homicídios a menos entre janeiro e novembro, contra igual período de 2020, 148 deixaram de ocorrer no grupo das 23 cidades priorizadas, o que corresponde a 58,9% da retração alcançada. Capão da Canoa, no Litoral Norte, e Farroupilha, na Serra, encerraram novembro sem nenhum homicídio. Além disso, conforme o Executivo, no ranking das 10 maiores quedas verificadas no acumulado de 11 meses, oito ocorreram em cidades que integram o bloco priorizado pelo RS Seguro.

Subcomandante-geral da Brigada Militar, o coronel Cláudio Feoli destacou também a recente formatura de 865 novos soldados, que já vinham atuando nos últimos meses no policiamento. Feoli também cita a Operação Integrada Força Total, deflagrada no fim de novembro, em que policiais militares passaram a intensificar ações de patrulhamento preventivo e repressivo em Porto Alegre e áreas das regiões Metropolitana, Serra e Vale do Rio do Sinos.

Mais uma vez, RS tem aumento no número de feminicídios

Crime que segue crescendo no Estado, foram registrados sete feminícidios em novembro, contra os seis contabilizados no mesmo mês em 2020, uma aumento de 16,7%. No resultado acumulado de janeiro a novembro, o número também registra alta: de 73 vítimas naquele período do ano passado para 90 neste ano, um aumento de 23%.

Entre as sete mulheres assassinadas em novembro, apenas uma tinha registro de ocorrência anterior contra o agressor.

"O dado reforça, mais uma vez, a urgência de conscientização social para que as denúncias de abuso e violência doméstica sejam comunicadas às autoridades aos primeiros sinais, de forma que seja possível adotar medidas para romper o ciclo de violência antes que ele se conclua com a morte da vítima", disse a secretaria em material divulgado nesta segunda.

— Esse é o crime que mais nos preocupa. Sabemos que vamos fechar o ano com incidência maior de feminicídios do que no ano passado. Vamos seguir trabalhando na conscientização da mulher, para que ela traga o fato ao conhecimento das autoridades, e também oferecendo uma rede de apoio às vítimas, para que não tenham de voltar ao convivio com o agressor — afirma o vice-governador.

Nos demais indicadores de violência contra a mulher monitorados pela SSP, como ameaças, lesões corporais, estupros e tentativas de feminicídio, o cenário é de queda tanto na leitura isolada de novembro quanto no acumulado de 11 meses. A maior retração se deu entre as tentativas de assassinato de mulheres por motivação de gênero, com quedas de 32,3% em novembro e de 20,5% na soma desde janeiro, em relação a iguais períodos de 2020.

Roubo de veículos sobe 7,7% em novembro, mas segue o menor da história no acumulado

"Em ponto fora da curva observada nos últimos quase três anos", segundo a SSP, o indicador de roubo de veículos encerrou novembro 7,7% acima do registrado no mesmo mês de 2020. Foram 406 ocorrências contra 377 do ano passado.

Em comparação com o pico de 1.546 casos, no ano de 2015, a marca de novembro último representa retração de 73,7% — ou 1.140 roubos de veículos a menos.

Apesar do resultado de novembro, o acumulado em 11 meses mantém a tendência de queda, com novo recorde de redução. O número de roubos de veículos somados desde janeiro baixou 38,7%, de 7.398, no ano passado, para 4.534 neste ano — o menor total já registrado para o período desde que teve início a contabilização, em 2002.

Ataques a banco em novembro elevam índice de ocorrências de furto

A ocorrência de quatro ações para arrombamento de caixas eletrônicos ou subtração de objetos do interior de agências e correspondentes bancários no Estado fez elevar a estatística de ataques a banco em novembro.

Somado ao único roubo registrado no mês, os quatro furtos fizeram passar de um para cinco o total de casos, na comparação com 2020, um aumento de 400%.

"O percentual elevado é resultado natural do cálculo matemático, uma vez que diferenças percentuais sempre são maiores quando obtidas a partir de números absolutos baixos", justifica a secretaria.