Vale do Sinos
Morre mãe de santo baleada dentro de centro de umbanda em São Leopoldo
Polícia Civil investiga quem seria o homem que entrou na terreira e efetuou disparos contra Vera Lúcia Mendes Teixeira, 63 anos, no dia 10 deste mês
Morreu na noite desta quinta-feira (16), a yalorixá Vera Lúcia Mendes Teixeira, 63 anos. Ela havia sido alvejada por disparos de arma de fogo dentro do centro de umbanda que conduzia, no bairro Feitoria, em São Leopoldo, no Vale do Sinos no dia 10 deste mês. Conhecida como Mãe Vera de Oxum, a religiosa estava internada no Hospital Centenário em estado grave desde o crime.
Conforme o delegado André Serrão, titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Leopoldo, o suspeito chegou ao templo, na Rua Tuvalu, na Cohab Feitoria, e perguntou para as pessoas quem era Vera Lúcia. Quando localizou a vítima, o suspeito efetuou diversos disparos contra a cabeça e membros inferiores da mãe de santo, fugindo em seguida.
A Polícia Civil trabalha com diferentes linhas de investigação. Até o momento, ninguém foi preso. Segundo o delegado, a polícia teve acesso a gravações de câmeras de segurança que registraram a movimentação no entorno do local durante a noite.
Serrão pontua que não foi possível conversar com a vítima pois ela permaneceu internada em estado grave desde a sexta-feira. Segundo ele, ainda não há elementos que apontem para crime de intolerância religiosa.
— Ainda não está confirmada intolerância religiosa, já que não havia elementos de discriminação religiosa inicialmente. Foi um crime praticado no centro de umbanda, não contra o centro de umbanda. A vítima era mãe de santo, sendo um local no qual facilmente seria encontrada — afirma.
O Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana de São Leopoldo publicou uma nota na noite desta quinta-feira lamentando a morte de Mãe Vera e prestando condolências a familiares e amigos.
"Independente da forma, seja natural, repentina ou de brutal, como fora o caso, a perda de um ente mexe com todos e abala as estruturas dos familiares, amigos e irmãos da comunidade de Axé. Pois, mesmo tendo a concepção de que a morte não é o fim, a sensação da perda é humanamente arrasadora aos que ficam. E é por estes que rogamos para que Oxum mesmo a ampare em seus braços e amenize essa dor, concedendo sabedoria e entendimento a todos os que ficam", diz o texto.
A publicação também ressalta preocupação com o crime: "Além de todo o pesar, nós, do COMPOTMA - SL, demonstramos imensa preocupação perante a este violento caso, ocorrido dentro do espaço Sagrado de uma irmã da matriz africana. E pedimos às autoridades agilidade nas investigações e para a nossa sociedade um foco para que não se torne recorrente atos como este. Qual, tenha a motivação que for, deve ser encarado com a devida atenção e noção de sua extrema gravidade, pois, independente do porquê, quando um espaço sagrado sofre desta forma de violência todos os outros são potenciais próximas vítimas deste ato violento".