Polícia



Litoral Norte

"Ele adorava cantar. Estamos destruídos", diz professora de menino de seis anos morto em ataque dentro de casa em Imbé

Escola onde Bryan Vidal Ferreira estudava teve momento de acolhimento para os colegas do garoto, que se sentaram em roda e falaram sobre a perda

10/08/2022 - 08h49min

Atualizada em: 10/08/2022 - 08h51min


Bruna Viesseri
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reprodução

Um dia após a morte de Bryan Vidal Ferreira, seis anos, baleado em ataque dentro de casa em Imbé, a comunidade escolar enfrenta a ausência do aluno descrito como alegre, participativo e carinhoso. Embora houvesse ingressado na escola havia poucos meses, o menino já tinha conquistado professores e colegas, que se reuniram em roda, nesta terça- feira (9), para fazer orações e homenagens ao garoto, que foi sepultado pela manhã, na presença de familiares e amigos.

Bryan morreu na segunda-feira (8), em um hospital de Porto Alegre. Ele estava em atendimento desde domingo (7), quando foi atingido por tiros na cabeça e em um dos braços dentro de casa, na cidade do Litoral Norte. O alvo da ação que vitimou o menino seria um homem que estava na residência e conseguiu escapar. No ataque, o pai da criança, o sargento aposentado da Brigada Militar (BM) Alexandre de Jesus Ferreira, 50 anos, também foi atingido. Ele foi ferido em um dos braços e segue hospitalizado.

A docente Eleonora Dutra Froes, 44 anos, que foi professora do menino na Escola Municipal Estado de Santa Catarina, em Imbé, lembra das atividades preferidas do garoto: cantar e jogar bola. Bryan cursava o 1º ano do Ensino Fundamental.

— Ele era aquela criança que faz todas as atividades, gostava de tudo. Sentava bem na minha frente, estava sempre na volta, era alegre. Existem crianças que passam mais tempo com a gente, porque são muito assíduas, e ele era. Às vezes, até fazia uma manha, para querer um carinho. A gente cantava muito, ele amava a música da "Dona Aranha". Tinha um brilho no olhar. Lembro de ver esse brilho sempre que ele me via. Para dizer a verdade, a gente está destruído — lamenta a professora.

A diretora Kelly Silveira, 41, lembra que Bryan era apaixonado pelo Inter e aproveitava as aulas de Educação Física, sempre às terças-feiras, para jogar bola com os demais alunos.

— Meu filho era um dos colegas dele, e é gremista. Então, os dois sempre falavam disso. Quase todo dia, um tentava convencer o outro a mudar de time. Ele era muito inteligente, parecia feliz, era visível que era muito bem cuidado. Está sendo muito difícil, foi um ato muito brutal. A equipe, que tinha esse contato mais diário com ele, está bem abalada — diz Kelly.

Na aula desta manhã, as professoras preparam um momento de acolhimento para os colegas do garoto. Os alunos se sentaram em roda e falaram sobre a perda. Depois, decidiram fazer uma oração e também desenharam um cartaz em homenagem a Bryan.

Na segunda-feira, após a morte, a escola emitiu nota de pesar. A Brigada Militar também lamentou a perda, em nota: "A Brigada Militar e a família brigadiana reiteram seus sentimentos aos familiares e amigos da criança e reforça que, desde o ocorrido, tem reunido os recursos humanos e materiais necessários para responder à essa covarde agressão que vitimou um inocente".

A prefeitura de Imbé decretou luto oficial de três dias no município e também emitiu nota. "A morte trágica e precoce do pequeno Brayan nos comove e nos revolta. Confiamos no trabalho da polícia para apuração, localização e responsabilização dos culpados por esta tragédia", diz o texto.

Investigação

O caso é investigado pela Polícia Civil de Imbé. O delegado Antônio Ractz afirmou que detalhes do trabalho não serão divulgados para não prejudicar a apuração. Na segunda-feira (8), Ractz afirmou que a equipe já tem informações sobre o fato e que analisa imagens de câmeras de segurança da ação. O homem que seria alvo dos criminosos deve prestar esclarecimentos.

A Brigada Militar afirma que faz operações na tentativa de identificar e prender os criminosos que mataram a criança.

Renato Dias / Correio do Imbé / Divulgação
Carro utilizado pelos criminosos foi incendiado

O ataque ocorreu no final da tarde de domingo (7), em Imbé, no Litoral Norte. Imagens de câmera de segurança flagraram o momento em que três homens armados chegam à casa em um veículo Ka, sendo que dois deles descem do carro e entram na residência já atirando. Havia seis pessoas no local, mas somente Bryan e o pai dele teriam sido feridos. Após o crime, os bandidos fugiram e abandonaram o automóvel em um terreno baldio na cidade. Eles também atearam fogo ao carro.



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