Vale do Sinos
Pastor é preso em Portão pelo estupro de quatro filhas adolescentes
Investigado confessou os abusos, que teriam ocorrido com consentimento da esposa; uma das filhas ficou grávida e teve um bebê
Um pastor de 40 anos foi preso na quarta-feira (24) em Portão, no Vale do Sinos, pelo estupro de quatro filhas adolescentes. O homem confessou à polícia os abusos sexuais e ainda confirmou que engravidou e teve um filho com uma das vítimas.
Os abusos teriam ocorrido com o consentimento da mãe das adolescentes, esposa do investigado. O Conselho Tutelar e o Ministério Público (MP) também estão atuando na apuração.
A investigação do delegado Marcos Mesquita teve início na segunda-feira (22), quando a delegacia e o conselheiro tutelar da cidade receberam uma ligação anônima pelo Disque 100 informando sobre o caso. Um dia depois, as equipes foram à residência da família e ouviram informalmente as adolescentes.
Na ocasião, o pai delas estava no trabalho. Segundo Mesquita, houve um certo receio inicial, mas as vítimas acabaram relatando os abusos.
Devido à urgência do caso, já que todas estavam em situação de vulnerabilidade, os depoimentos oficiais ocorreram na terça-feira (23), na Delegacia de Portão, na presença do MP e do Conselho Tutelar. A mãe das meninas também estava presente e foi ouvida pelos agentes.
— Estavam assustadas, resistentes, sentimos o ambiente de preocupação. É compreensível, se tratava do pai delas, quem sustenta o lar. Havia um sentimento misturado de medo e respeito. Como disse, se trata do pai delas e que ainda é um líder religioso, e a família é muito devota — explica o delegado.
Mesquita afirma que as filhas — com idades de 12 a 17 anos— relataram que eram abusadas sexualmente pelo pai e com o consentimento da mãe delas. Além disso, a filha mais velha engravidou do pai e tem hoje um bebê de 11 meses.
A mãe das vítimas, em depoimento na delegacia, confessou que via as filhas chorando ao sair do quarto onde o pastor teria passado horas com elas. Mesquita diz que ela perguntava se algo tinha ocorrido, mas todos negavam.
Há pouco mais de um ano, conforme os relatos, a adolescente mais velha, já grávida, contou para a mãe sobre os abusos. Na ocasião, segundo a mulher, o companheiro teria confirmado os abusos. Mesmo assim, de acordo com a investigação, os crimes continuaram.
Prisão preventiva
Diante desses fatos, o delegado de Portão ouviu o pastor ainda na terça-feira, no fim do dia, e ele confessou os abusos sexuais. Mesquita conta ter ficado surpreso com a tranquilidade e a frieza do religioso.
A polícia obteve da Justiça o pedido de prisão preventiva, que foi realizada no trabalho dele, na quarta-feira. Em novo depoimento, o homem voltou a confessar os fatos para os agentes.
Mesquita também pediu a prisão preventiva da mãe das adolescentes, pela conivência e omissão, mas a Justiça indeferiu. No entanto, tirou momentaneamente dela a guarda das filhas e do neto. Eles foram encaminhados para um abrigo provisório em Novo Hamburgo. As adolescentes também estão tendo acompanhamento psiquiátrico. O casal tem outra filha, de 19 anos, que não quis prestar depoimento, mas a polícia está apurando se ela também foi vítima.
— Vamos ter que ouvir esta moça. Durante os depoimentos iniciais na casa da família, ficou nítido que ela não estava à vontade e que escondia algo sobre o fato. Acreditamos que seja mais uma vítima deste criminoso — diz Mesquita.
Segundo o delegado, o inquérito deve ser concluído em menos de 10 dias e o pastor responde, inicialmente, por quatro estupros de vulnerável. Se condenado, a pena é de oito a 15 anos de prisão.
Mesquita diz que a conclusão do inquérito também depende de outros fatos, como o depoimento da filha de 19 anos, para saber se houve mais abusos, e o enquadramento da mãe das vítimas em algum tipo penal.
A polícia ainda aguarda resultado de laudos periciais psíquicos das quatro filhas do casal, bem como resultado de exame de DNA para confirmar oficialmente se o bebê é filho do pastor.
Conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o nome do preso não foi divulgado para não expor as vítimas.
Como denunciar
Para denunciar casos como este, há os seguintes canais:
O Disque 100 é um canal do Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos. Funciona diariamente, das 8h às 22h, e recebe denúncias de violações dos direitos humanos, incluindo violência sexual contra crianças e adolescentes.
A Polícia Civil do Estado tem ainda o contato, com WhatsApp, 051 984440606. Também há o telefone 181.