Região Metropolitana
Em entrevista, mãe de quatro crianças assassinadas em Alvorada relata a dor da perda
Thays da Silva Antunes afirmou à RBS TV que o ex-companheiro nunca aceitou o fim do relacionamento
Em entrevista à RBSTV que foi ao ar nesta quarta-feira (21), Thays da Silva Antunes, 26 anos, mãe das quatro crianças assassinadas dentro de casa em Alvorada, no último dia 13, falou sobre a dor da perda dos filhos e que o ex-companheiro nunca aceitou o fim do relacionamento. David da Silva Lemos, 28 anos, é pai das vítimas e o principal suspeito do crime.
— Dói deitar na cama e não ter eles (os quatro filhos). Eu não tenho conseguido dormir, estou tomando remédio para poder dormir porque se não eu não durmo. O dia eu passo bem, mas se começa a escurecer, não tem como — revelou Thays.
Fim do relacionamento
Thays e David tiveram um relacionamento por 11 anos. Eles haviam se separado há cerca de três meses. O rompimento foi motivado por uma agressão. Ela registrou boletim de ocorrência e conseguiu medida protetiva contra o homem. De acordo com a Polícia Civil, a principal linha de investigação para o caso é vingança.
— Eu não consigo acreditar que ele fez isso com as crianças, porque ele não podia ter feito isso com elas. Que ele tirasse a minha vida, que enfiasse a faca em mim, mas não nas crianças, porque elas não tinham culpa de nada. Eram só quatro crianças. Ele nunca aceitou o fim do relacionamento. Quem terminava sempre o relacionamento era eu, e ele sempre pedia pra voltar — disse a mãe.
Thays ficou sabendo que os filhos tinham sido encontrados mortos pela avó das crianças. Segundo ela, nos dias que antecederam o crime, David apresentava comportamento normal e não havia feito nenhuma ameaça a ela.
— Ele estava normal, não demonstrou raiva, ódio, nem que pudesse fazer alguma coisa com as crianças. Ele não demonstrou em momento algum — relembrou.
A mulher conta que quando foi agredida pelo ex tentou estender a proteção aos filhos, mas teve o pedido negado. Segundo ela, em razão de as crianças não terem presenciado a violência contra a mãe. Elas estavam com a avó no dia da agressão.
— Quando eu cheguei, ele estava alterado e embriagado, então discutimos e ele veio pra cima de mim, me bateu. Ao todo, foram 20 socos na cabeça, que eram pra ser no rosto. Ele tentou me puxar pra baixo, me pegou pela nuca, mas eu não deixei ele me levar ao chão. Se ele tivesse conseguido, teria feito coisa pior — contou.
Segundo ela, David tinha boa relação com os filhos até então, especialmente com a caçula Kimberly, de três anos. A mãe afirma que jamais imaginou que o ex pudesse fazer mal para as crianças.
Avô relata dor
— Destroçado.
É desta forma que Jardelino Antunes Júnior afirmou que se sente após perder os quatro netos. O avô das crianças encontradas mortas conta que tem procurado encontrar forças para amparar a filha.
— Ela já não dorme mais, só no remédio. Ela dorme no meu quarto, comigo e com a minha esposa. Eu tenho que segurar a mão dela — relatou.
Jardelino lembrou que Thays estava prestes a realizar o sonho de morar na casa própria com os netos. A montagem do imóvel estava prevista para o mesmo dia em que ocorreu o crime.
— Ela comprou um terreno. A patroa dela conseguiu um empréstimo para comprar uma casinha de madeira. Eu ia começar a montagem na terça-feira, quando se deu tudo isso. A casinha dela tá lá, desmontada, esperando ser montada. As crianças eram loucas para entrar — emocionou-se o homem.
O caso
As crianças foram encontradas mortas na casa onde estavam com o pai em Alvorada, na por volta das 19h30min de 13 de dezembro, quando familiares acionaram a polícia. O homem já havia deixado o local, mas foi encontrado no dia 14 em um hotel de Porto Alegre.
As vítimas são os irmãos Yasmin Antunes Lemos, de 11 anos; Donavan Antunes Lemos, 8 anos; Giovanna Antunes Lemos, 6 anos; e Kimberlly Antunes Lemos, 3 anos.
David da Silva Lemos está preso desde a madrugada do dia 14. Conforme a polícia, ao ser preso, o homem confessou informalmente que cometeu o crime e que deu calmante às crianças antes da morte. No entanto, na delegacia, durante o depoimento e acompanhado de um defensor público, permaneceu em silêncio.
Ele informou que, em princípio, não constituirá advogado particular. A partir da prisão, a Defensoria Pública, que representa o preso, informou que irá se manifestar somente nos autos do processo.
A principal suspeita da polícia é de que o homem tenha cometido o crime como forma de vingança contra a ex, com quem tinha uma relação conturbada.