Vítimas da violência
Irmãos mortos em ataque a tiros no bairro Cascata são sepultados em Porto Alegre
João Francisco, 14 anos, e Marina, 16, saíram de casa para comprar refrigerante e foram atingidos por tiros disparados de dentro de um automóvel contra grupo que estava na Rua dos Canudos
Foram sepultados na manhã desta sexta-feira (21) no Cemitério Parque Jardim da Paz, em Porto Alegre, os irmãos João Francisco Maciel dos Santos, 14 anos, e Marina Maciel dos Santos, 16. Eles foram assassinados em um ataque a tiros ocorrido na noite de quarta-feira (19) na Rua dos Canudos, no bairro Cascata, na zona sul da Capital.
O velório e o sepultamento dos adolescentes foram acompanhados por um grande número de pessoas, entre familiares, amigos e vizinhos, além de colegas e professores do Colégio Estadual Coronel Afonso Emílio Massot, onde os irmãos estudavam desde as séries iniciais. O clima era de grande comoção.
Marina e João Francisco eram considerados bons amigos e estudantes exemplares. Conforme a família, eles tinham saído de casa para comprar um refrigerante que beberiam no jantar. No caminho entre o mercado e a residência onde viviam com a mãe, o padrasto e um irmão, foram atingidos pelos tiros dados contra um grupo de pessoas que estava na rua.
Os disparos foram efetuados por homens que estavam em um automóvel, que deixou o local em disparada após o crime. Outras três pessoas ficaram feridas e não correm risco de vida. João Francisco e Marina chegaram a ser socorridos e encaminhados ao hospital, mas não resistiram aos ferimentos.
Nesta sexta, durante o velório, em meio à comoção provocada pelo caso, um familiar dos adolescentes revelou que sentimentos de inconformidade e medo se disseminaram entre a vizinhança. Os irmãos eram muito bem quistos na comunidade.
— Eram jovens começando a vida. Tinham muitos sonhos. João planejava juntar dinheiro para comprar uma motocicleta. Marina comentava sobre os preparativos da comemoração do aniversário de 17 anos — contou o homem.
Na escola onde estudavam, os irmãos eram muito próximos de professores e funcionários. Desde quinta-feira (20), uma faixa de tecido preto está afixada diante do portão do Colégio Coronel Massot, contendo mensagem de solidariedade à família e simbolizando o sentimento de luto da comunidade escolar.
Investigação mira organizações criminosas das zonas Sul e Leste
A Polícia Civil afirma que tem uma linha bem estabelecida de investigação e ainda trabalha com informações sigilosas na expectativa de identificar e prender, em breve, os autores e mandantes do ataque.
Segundo o delegado Mário Souza, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, diligências foram realizadas inclusive durante a madrugada e com apoio aéreo de helicóptero para monitorar a movimentação de grupos criminosos, principalmente nas zonas sul e leste da Capital.
Já a delegada Clarissa Demartini, que está à frente das investigações, diz que pessoas já foram ouvidas e perícias estão encaminhadas. A delegada aponta que o local onde ocorreu o ataque está próximo de área investigada por ocorrências de tráfico de drogas e destaca que a Polícia Civil e a Brigada Militar estão empenhadas em restabelecer a segurança naquela comunidade.
— Entendemos que se trata de um fato muito grave e estamos comprometidos com o esforço dos agentes e com todos os recursos disponíveis para que possamos elucidar fato e responsabilizar os envolvidos — diz Clarissa.
A delegada informa que informações podem ser repassadas às autoridades pelo 0800-642-0121, com atendimento 24 horas e sigilo sobre a identidade dos denunciantes.