Crime ambiental
Mulher é presa em Sapucaia do Sul após flagrante de abandono e maus-tratos a mais de 50 cães
Ação foi realizada pela Polícia Civil com apoio de protetores e servidores da Secretaria de Meio Ambiente do município; um filhote havia morrido antes da chegada das autoridades
A Polícia Civil de Sapucaia do Sul efetuou uma ação de resgate de cães em situação de maus-tratos e abandono neste sábado (20), no bairro Capão da Cruz, em Sapucaia do Sul. A investida teve o apoio de representantes de uma entidade protetora e de trabalhadores do poder público municipal. Uma mulher foi presa, acusada pela prática de crime ambiental, agravado pela ação violenta contra animal doméstico. Um filhote foi encontrado sem vida.
Denúncias que circulavam pela rede social desde a sexta-feira (19) alertaram as autoridades sobre a situação que ocorria em uma casa localizada na Rua Líbero Badaró. Ao chegarem ao local, policiais e integrantes do grupo deparam-se mais de 50 cachorros espalhados pelas calçadas e beiradas da via. Conforme relatos prestados à polícia, os animais tinham sido enxotados de dentro da residência indicada nas denúncias.
— Um triste ato. Uma triste cena — define o delegado Gabriel Lourenço, que coordenou a ação ocorrida perto do meio-dia.
Os bichos, segundo o delegado, estavam sem água, nem alimento. Alguns deles teriam sido espantados e agredidos a vassouradas pela proprietária do imóvel onde viviam. Cerca de 15 filhotes foram divididos em lotes, dentro de três caixas de papelão, e largados em esquinas do bairro. Uma pessoa teria sido paga pela mulher para fazer a carga das caixas.
Conforme as apurações feitas no local, os cães tinham a tutela de um casal, que alugava a casa pertencente à investigada. Os dois, explica Lourenço, foram despejados a pedido da dona do imóvel e teriam se comprometido a buscar seus animais de estimação, mas não o fizeram.
— Ela disse em seu depoimento que ficou inconformada e procurou o poder público municipal. Foi orientada que deveria manter cuidados aos animais que estavam em sua propriedade até uma outra destinação adequada, como o canil municipal. Recebeu doação de ração do município e mesmo assim resolveu abandoná-los —aponta o delegado.
Lourenço afirma que as investigações prosseguirão com objetivo determinar a eventual participação do casal de ex-locatários do imóvel em atos delituosos que antecedem o abandono. O delegado avalia que a casa não tem instalações compatíveis para o cuidado e a higiene necessária com um grupo grande de pets.
Os cães e seus filhotes foram, em sua maioria, acolhidos provisoriamente por protetores até o encontro de um lar definitivo. Alguns adultos de maior porte foram levados ao canil público do município. A investigada foi presa em flagrante e conduzida ao Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp).
— Para este tipo de crime, pode haver pena de reclusão que vai de dois a cinco anos. O fato que testemunhamos tem sua condição majorada pela morte, em consequência dos atos, de pelo menos um dos filhotes até o momento do flagrante. Foi uma ação importante de envolvimento do poder público e da comunidade — conclui o delegado