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BM investiga se sargento que teve o carro roubado atuava como motorista de aplicativo
A policial militar teve sua Duster levada no bairro Teresópolis na noite de sábado e não informou no registro que estaria transportando uma passageira
A Brigada Militar vai investigar se uma policial militar que teve o carro roubado na noite de sábado (3) no bairro Teresópolis, em Porto Alegre, estava trabalhando como motorista de aplicativo.
Ao fazer o registro junto à BM, ela contou que estava sozinha no carro, uma Duster de sua propriedade. Mas horas depois do fato, uma aposentada registrou que estava no veículo como passageira de aplicativo e que teve o celular roubado na ação. A filha dela fez ocorrência na Delegacia Online da Polícia Civil e comunicou a empresa Uber sobre o caso.
Quando a jovem soube do assalto, acessou a conta da mãe no aplicativo da Uber e percebeu que o carro ainda estava em movimento. Tentou contato com o fone 190 pelo aplicativo, mas não conseguiu. Teve que encerrar a corrida, que estava no valor em torno de R$ 60, para conseguir reportar o caso à Uber.
A jovem fez cópia do pedido de corrida feito pela mãe, onde consta o nome da motorista, a placa da Duster e o trajeto da corrida até o carro ser abandonado, no bairro Azenha. Ela recebeu retorno da Uber informando já ter adotado providências em relação à conta daquela motorista. Para GZH, a Uber confirmou que a motorista vítima do roubo é parceira do aplicativo. Autoridades não informaram o nome completo da PM.
O caso foi comunicado à Corregedoria-Geral da BM e as circunstâncias do fato serão apuradas em procedimento feito pelo 21º Batalhão de Polícia Militar, unidade em que a sargento envolvida na ocorrência está lotada. Policiais militares não podem ter atividade extra, o chamado "bico". Se a BM confirmar que a sargento estava trabalhando como motorista, ela também terá de explicar por que omitiu essa informação no registro do caso, já que havia mais uma vítima do roubo - a passageira.
O ataque ocorreu por volta das 18h30min de sábado, na sinaleira da Rua Aparício Borges com a Avenida Oscar Pereira.
Pelo relato da PM, no registro feito junto ao 1º BPM, um homem embarcou no carro e mandou que ela dobrasse em uma rua onde um segundo assaltante teria embarcado. Mais adiante, a dupla deixou que ela descesse. Foi quando a PM sacou a arma, que pertence à corporação, e fez três disparos em direção ao carro. Pelo menos um tiro acertou a lataria.
A sargento acreditava ter ferido um dos homens, mas a BM fez buscas em hospitais e não localizou suspeito baleado até a manhã deste domingo (4). Também não havia sangue na Duster, que foi localizada cerca de uma hora e meia depois, no bairro Azenha. Os documentos funcionais da motorista e até dinheiro foram deixados no veículo. Câmeras de segurança do Bourbon Shopping Teresópolis captaram o veículo já em fuga, conforme o comandante do 1º BPM, major Márcio Luiz da Costa Limeira..
Depois de notícia sobre o assalto ser divulgada pela imprensa, a filha da mulher que contou estar no carro como passageira fez publicação em rede social informando a situação: "Tem um detalhe faltando: ela estava no momento atuando como motorista da @Uber_Brasil e minha mãe era a passageira! Ela não estava sozinha como relata na notícia. Minha mãe foi assaltada junto e presenciou os disparos, que obviamente colocaram ela em risco".
O suporte da Uber, inclusive, respondeu a mensagem na rede social, pedindo contato direto e mais informações. Ao ser questionado sobre a possibilidade de a PM estar trabalhando como motorista de aplicativo, o comandante do 1º BPM agregou a informação a um relatório de inteligência. A corregedoria e o 21º BPM foram informados.
— No momento do atendimento da ocorrência no local, os policiais responsáveis não identificaram nenhuma pessoa acompanhando a PM que foi vítima. Ela estava sozinha — disse Costa Limeira.
A filha da mulher que contou estar no carro fez ocorrência na Delegacia Online da Polícia Civil descrevendo o assalto. O prazo para a ocorrência ser homologado era de 48 horas, mas, no começo da tarde deste domingo, a vítima foi informada de que, pela natureza do crime, o registro precisa ser feito presencialmente. A vítima ficou de fazer o registro ainda no domingo.
— Nós ainda não entendemos o que aconteceu. Foi uma surpresa para minha mãe a motorista ter uma arma. Minha mãe estava lá quando policiais militares chegaram. Ela me disse que até ajudou a acalmar a motorista. Mas quando os policiais chegaram , a motorista mandou minha mãe ir embora, disse que resolveria tudo. Só soubemos que ela é policial militar pela notícia da imprensa — contou a jovem, que pediu para ter o nome dela e da mãe preservados.
No histórico da ocorrência online, foi relatado: "Às 18h06 iniciei uma corrida pelo aplicativo da UBER no bairro Santana em direção a minha residência, no bairro Teresópolis. A motorista era (GZH preserva o nome, pois não foi divulgado oficialmente) estava em uma Duster Vermelho PLACA (GZH preserva a informação). já próximo ao destino, nas proximidades da coronel aparicio borges/oscar pereira, o carro foi abordado em uma sinaleira onde um homem entrou no banco da frente armado e anunciou um assalto. o homem dizia que se não seguíssemos as orientações dele, mataria as duas. solicitou meu celular e da motorista, andou cerca de uma quadra e permitiu que descêssemos do carro. no momento que desci, a motorista sacou uma arma e disparou três tiros em direção ao carro. A brigada militar foi acionada na hora, mas os veículos de comunicação da cidade estão informando a notícia como se a motorista (que era também policial militar, mas não estava atuando como no momento), estava sozinha no carro. Sem mais, essas são as informações corretas quando ao caso".
Pelo relato da passageira, o ataque teria sido feito por apenas um assaltante.
O comandante do 21º Batalhão de Polícia Militar, major Fabiano Henrique Dorneles, confirmou que o caso será apurado e remetido à Corregedoria. O roubo também será investigado pela Polícia Civil.