OPERAÇÃO CONTRA HOMICÍDIOS
Desobediência sobre ordem para traficar teria motivado ataque a família com dois mortos em Viamão
Em ação coordenada pelo Departamento de Homicídios, polícia efetuou prisões relacionadas a três casos recentes de execuções atribuídas ao crime organizado
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil desencadeou nesta terça-feira (21) a Operação Retaliação, tendo como alvo suspeitos de participação em homicídios, ocorridos no segundo semestre deste ano, em Viamão. As prisões ocorreram em bairros periféricos localizados na extensão da Estrada São Caetano (continuação da Lomba do Pinheiro) e estão relacionadas a três fatos distintos, porém todos com a marca da violência empregada pelo crime organizado.
Um dos fatos, explica o coordenador das investigações, delegado Marcos Bottin, foi um triplo homicídio ocorrido em 5 de outubro, em uma residência localizada no bairro Santa Isabel. Na ocasião, homens armados invadiram a casa onde uma família confraternizava durante o jantar.
— Homem e mulher, que eram irmãos, foram alvejados e morreram na mesa onde faziam a refeição. Uma idosa, mãe deles, foi ferida, mas sobreviveu. Um quarto componente da família escapou porque se escondeu dentro da churrasqueira da casa — conta o delegado.
Ordem para traficar
Marcos Bottin destaca que a execução foi ordenada depois que os membros da família se negaram a trabalhar para a organização criminosa que explora o tráfico na região.
— Queriam que a família estabelecesse uma boca em sua residência. Não pediram apenas que entregassem a casa, mas também exigiram que as pessoas da família assumissem a operação de venda da droga — aponta Bottin.
O delegado revela que a ordem partiu de dentro da Penitenciária de Montenegro, onde está recluso o homem que é apontado como líder do grupo.
— Este homem foi um dos alvos da operação, na manhã desta terça, recebendo novo mandado de prisão preventiva — indica.
Fogo amigo
O delegado relata que a terceira vítima do triplo assassinato seria um dos executores, alvejado acidentalmente pelos comparsas durante o ataque. Além do mandante e do morto, mais dois homens foram investigados, sendo que um deles, também ferido na ocasião do crime, foi preso ao procurar atendimento médico em hospital de Porto Alegre, no mesmo dia, e o outro foi encontrado morto em Canoas.
— Acreditamos que este homem morto em Canoas foi assassinado a mando do mesmo líder criminoso, porque estaria tentando se distanciar da organização, atitude que não teria sido admitida e que motivou a ordem para a execução do ex-comandado — acrescenta o delegado.
Pai e filho presos por morte de R$ 100
A segunda investigação contemplada na Operação Retaliação resultou na prisão preventiva de dois homens, pai e filho, apontados pelo DHPP como autores da execução de um homem, ocorrida em setembro. Conforme as investigações, o crime teve como motivação a inadimplência em uma dívida de R$ 100.
— A vítima foi morta na frente do filho de apenas oito anos. O ataque ocorreu nas proximidades de um campo de futebol, também com contornos de extrema violência. Além de testemunhar a morte do pai, a criança foi baleada no peito, porém conseguiu sobreviver — lembra Marcos Bottin.
O delegado destaca, ainda, um terceiro caso envolvendo tiroteio, também ocorrido em uma quadra esportiva, no mês de outubro, onde acontecia uma confraternização.
— Grupos rivais acabaram se encontrando e houve o enfrentamento no qual um homem morreu. O autor dos tiros também foi preso na operação, mas as investigações prosseguem por se tratar de fato envolvendo mais pessoas — define Bottin.
Concentração de forças
De acordo com o diretor do DHPP, delegado Mario Souza, o resultado da operação demonstra “a importância do trabalho conjunto das forças de segurança”.
— O diálogo permanente entre as instituições de Segurança pública do Estado permite o planejamento estratégico das ações integradas, refletindo nas prisões e apreensões e na busca por resultados para reduzir os homicídios na Capital e Região Metropolitana — comenta Souza.
O diretor reforça que o DHPP recebe informações da comunidade, de forma sigilosa, pelo disque-denúncia 0800 642-0121.