Mistério no Litoral Norte
"Os filhos estão pedindo por ela", diz mãe de jovem desaparecida há 12 dias em Torres
Tayná da Silva Rosa, 27 anos, foi vista pela última vez passando por um posto de combustíveis no dia 2 de fevereiro; desde então, não há informações sobre seu paradeiro
Há quase duas semanas, uma "agonia sem fim" atormenta amigos e familiares de Tayná da Silva Rosa, 27 anos. A jovem desapareceu na manhã do último dia 2, uma sexta-feira, depois de sair de casa a pé, em Torres, no Litoral Norte. Desde então, estão mobilizados em busca de pistas que levem a Tayná, que tem dois filhos. A Polícia Civil investiga o caso.
Conforme a mãe da jovem, Andreia Silva, os dias que passam sem notícias sobre a única filha se tornam cada vez mais desesperadores. Ela conta que Tayná é caseira "desde pequena", não costuma dormir fora de casa nem ficar sem dar informações e é bastante responsável.
Andreia diz que a Tayná não demonstrava sinais de depressão e é apegada aos filhos. Ela conta que passou a virada do ano com Tayná e os netos e que não notou nenhum comportamento diferente nos últimos tempos.
A jovem é natural de Três Cachoeiras, onde mora a mãe dela. Ela se mudou para Torres há cerca de seis meses, para morar com o namorado. O casal está junto há pouco mais de oito meses, segundo a mãe. Os dois filhos da jovem, uma menina de oito anos e um menino de seis, se mudaram com ela. A jovem está trabalhando na roça, junto ao companheiro.
Desde o dia do desaparecimento, as crianças têm perguntando pela mãe, conta Andreia. Elas estão passando as férias escolares com o pai, ex-companheiro de Tayná, que mora em Três Cachoeiras, há cerca de um mês.
— Os filhos estão pedindo por ela, perguntam quando ela vai buscar eles. Sabem que as férias estão acabando e que deviam voltar para a casa da mãe, em Torres, onde estavam estudando. Como a gente vai falar para duas crianças que a mãe sumiu? A gente nem sabe o que dizer, acho que eles desconfiam mas não têm certeza do que está acontecendo. O menino está muito abalado. A gente segue fazendo apelo para quem tiver qualquer informação, que entre em contato com a polícia — pede Andreia.
A avó das crianças conta que a família vai buscar atendimento psicológico para os pequenos no município. Como estão com o pai, devem começar o ano letivo em Três Cachoeiras se não houver novidades sobre o paradeiro de Tayná. Andreia afirma que a filha e o pai das crianças permaneceram amigos após a separação e têm boa relação.
Câmeras registraram Tayná
Tayná foi vista pela última vez por volta de 8h30min do dia 2, quando parte de seu trajeto foi captado por imagens de uma câmera de monitoramento de um posto de combustíveis localizado na Vila São João, em Torres (assista vídeo acima). Ela aparece sozinha, caminhando em frente ao estabelecimento, que fica a cerca de dois quilômetros da casa onde ela vive com o marido e os filhos. A jovem aparece indo em direção ao centro do município, no sentido contrária à sua residência.
Nas imagens, cedidas pela família, Tayná aparece de cabelo preso, vestindo uma calça preta, uma blusa clara e carregando um objeto na mão direita, que seria um celular. A mãe afirma que familiares e amigos têm se mobilizado em busca da jovem, inclusive pelas redes sociais. Até o momento, sem sucesso.
— No começo, achamos que ela pudesse ter vindo para aqui perto, em Três Cachoeiras, mas alguém teria visto. Já conversei com um monte de gente, ninguém sabe, ninguém viu nada. Ela nunca fez isso. A gente sempre estava junto, sempre em contato, nunca nos separamos — lamenta a mãe.
Amiga próxima de Tayná, Ariane Rodrigues conta que as duas costumavam conversar por mensagem e se viram pela última vez em no Ano-Novo, quando se encontraram em uma praia:
— Não temos notícia nenhuma, é uma agonia sem fim.
Desentendimentos
Segundo Andreia, Tayná nunca havia saído de casa sem avisar quando morava em Três Cachoeiras. O atual companheiro da jovem relatou à Polícia Civil que ela já havia saído de casa e retornado depois em duas ocasiões, em razão de brigas entre os dois. Ele afirmou aos policiais que nos episódios Tayná voltou após algumas horas.
Ele disse ainda que os dois tiveram uma discussão na noite de quinta-feira (1°) e que, na manhã de sexta, Tayná teria enviado uma mensagem a ele dizendo que "os dois não davam certo". O atual namorado foi a última pessoa a vê-la antes do sumiço.
Ajuda com as crianças
Por quase um ano e meio, Andreia partilhou de convívio diário com os netos. Quando as crianças eram menores, a avó ia todos os dias à casa da filha para cuidar dos pequenos, enquanto Tayná ia trabalhar em um posto de combustíveis. Nesta época, mãe e filha moravam perto, ambas em Três Cachoeiras.
— Ficava o dia todo lá, às vezes dormia também. Era difícil ficar um dia sem ir ou sem ver eles — lembra Andreia.
A mulher conta que a filha estava animada quando decidiu se mudar para Torres. Ela admite que precisou se acostumar a ficar mais distante fisicamente dos netos e de Tayná:
— Eu nunca tinha me afastado deles (filha e netos) assim. Para mim foi bem difícil no começo, sofri bastante com a ausência, até acostumar. Porque via todos os dias e aí eles mudaram de cidade. Mas ela estava feliz, animada.
Andreia afirma que ela e a filha se mantêm próximas mesmo após a mudança. Diz que em alguns finais de semana ela e o marido buscam os netos em Torres para passarem a folga com eles em Três Cachoeiras.
Andreia conta que nos últimos anos a jovem vem mencionando a vontade de realizar algumas metas, como a de fazer carteira de motorista e faculdade, no ramo da Química. Ela também afirma que planeja procurar emprego nos próximos meses, segundo a mãe, e que a filha não fez amizades em Torres até o momento.
Investigação
A reportagem tentou contato com a Polícia Civil nesta quarta-feira (14), mas não obteve retorno. A família e amigos de Tayná dizem não ter recebido novidades dos investigadores.
Na semana passada, as equipes afirmaram que não descartavam nenhuma hipótese para o caso e que que seguiam com as buscas, analisando imagens de câmeras e ouvindo testemunhas.
A Brigada Militar do município informou que um alerta sobre o sumiço foi emitido desde o dia do desaparecimento para guarnições do Estado e de Santa Catarina, Estado que fica próximo a Torres.
Como ajudar
Quem tiver informações que possam levar ao paradeiro de Tayná pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo WhatsApp número (51) 98682-7877, ligando para a DP de Torres pelo (51) 3664-1282 ou contatando a Brigada Militar pelo (51) 3664-4059.