Polícia



Operação Illusio II

Grupo suspeito de aplicar golpes em Canoas e causar prejuízo de R$ 600 mil é alvo de ofensiva em quatro Estados

Ação em São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina decorreu de investigações coordenadas pela equipe da 3ª DP do município da Grande Porto Alegre

03/03/2024 - 11h30min


Luiz Dibe
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Tiago Bitencourt
Tiago Bitencourt
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Fábio Dias / EPR/Divulgação
Três investigados foram capturados no Paraná.

Operação das polícias civis de São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná nesta quinta-feira (29) definiu o desfecho de uma investigação realizada ao longo dos últimos meses no Rio Grande do Sul. Denominada Operação Illusio II, a ação prendeu sete integrantes de uma quadrilha suspeita de causar prejuízo de R$ 600 mil a dois idosos, em Canoas, na Região Metropolitana, com o golpe do bilhete premiado.

Dos sete presos, três foram capturados no Paraná, dois receberam ordens de prisão em Santa Catarina, um foi detido em Rio de Janeiro e outro, em São Paulo. Os policias cumpriram 21 decisões cautelares, entre prisões temporárias, buscas para apreensão e bloqueios em contas bancárias.

Em Canoas, o trabalho foi coordenado por agentes da 3ª Delegacia de Polícia, sob o comando da delegada Luciane Bertoletti. Segundo ela, parte dos presos, cujas identidades não foram divulgadas, é nascida ou moradora do Rio Grande do Sul. 

— Tomamos conhecimento da situação pelo registro de um idoso, que é empresário no município, e uma idosa, que atua como advogada. Eles conseguiram descrever com clareza e detalhes o período em que estiveram com os criminosos. A partir de imagens registradas em agências bancárias e casas de câmbio chegamos na quadrilha — apontou a delegada.

Luciane conta que, ao conseguir o dinheiro das vítimas, os criminosos buscavam converter em moeda estrangeira e em criptomoeda, circunstâncias que contribuíram para o rastreio das operações e determinação de medidas cautelares para bloqueio de dinheiro sob suspeito de origem ilícita.

Como funciona o golpe

De acordo com a polícia, para a execução do golpe, os criminosos fingem ser pelo menos três personagens. Um deles interpreta uma pessoa do interior, com baixo grau de instrução. Em alguns casos esse papel é interpretado por uma mulher com barriga de grávida ou por um homem mais velho. Essa pessoa finge ter um bilhete premiado.

O dono do suposto bilhete premiado aborda a vítima, pedindo ajuda para encontrar um endereço, que não existe. Ele, então, conta que ganhou o prêmio, mas que ainda precisa retirá-lo. Neste momento aparece o segundo personagem, uma pessoa bem vestida que escuta a conversa e oferece ajuda.

Esse segundo estelionatário alega ter um amigo que é gerente de agência bancária. Ele faz uma ligação, colocando o telefone no viva voz, onde um terceiro comparsa, passando-se por funcionário do banco, atende e confirma que o bilhete é premiado.

O suposto dono do bilhete premiado finge estar confuso e pede ajuda, dizendo que assim que receber a quantia, presenteará cada um dos dois — a vítima e a pessoa bem vestida —com R$ 100 mil. 

A vítima, então, é convencida a embarcar no carro da pessoa bem vestido e, com o suposto dono do bilhete, os três seguem em direção ao banco onde ela possui conta.

Segundo as investigações, é neste ponto que acontece o golpe. Em alguns casos, o golpista bem vestido sugere que, para facilitar o processo, a vítima transfira o valor equivalente a sua parte do prêmio — por exemplo, R$ 100 mil — para a conta indicada por ele. Dessa forma, quando o suposto dono do bilhete premiado recebesse o prêmio teria de fazer apenas uma transferência de R$ 200 mil para a conta da vítima — que nunca acontece — e não duas de R$ 100 mil

Em outros casos os estelionatário conseguem convencer a vítima a entregar o cartão e dar sua, sob pretexto de tirar um extrato, e acabam fazendo todas as movimentações bancárias possíveis. A vítima aguarda no carro por receio de que a dupla vá embora e ela perderia os R$ 100 mil prometidos.

O golpe, conforme a polícia, é tão bem elaborado, que o estelionatário, prevendo a desconfiança dos funcionários do banco, propõe que a vítima diga ao atendente que o dinheiro que ela está tentando transferir corresponde à compra de um imóvel. 


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