Localizado na movimentada Avenida Venâncio Aires, o brechó Perk, no bairro Cidade Baixa, foi assaltado por dois homens, à mão armada, em Porto Alegre. Sete pessoas, todas mulheres, estavam no local no momento da ação, na tarde de segunda-feira (18). Sob ameaças, os criminosos levaram dinheiro e celulares. O roubo durou cerca de três minutos, mas pareceu "durar uma eternidade", segundo as vítimas.

Os dois assaltantes ingressaram na loja por volta das 15h30min. Um deles entrou primeiro e em seguida sacou a arma e anunciou o assalto. Ele levou uma funcionária para o caixa e passou a exigir dinheiro e celular.

— Eu nem desconfiei que pudesse ser um assalto, porque eventualmente entram aqui pessoas mais simples, em situação de rua, tentando vender alguma roupa ou calçado que ganharam. Então fui atendê-lo. Ele abriu a porta, deu dois passos e tirou a arma. Lembro que ele disse "calma, calma" e algo como "perdeu", e foi me levando para o caixa — disse  a funcionária que preferiu não se identificar.

Logo depois, entrou o comparsa, que não estaria armado e passou a reunir o restante das vítimas em um canto da loja, ao pé da escada que dá para um mezanino. A gerente, uma diarista e duas clientes (mãe e filha) precisaram ficar viradas para a parede. 

— Ali eles começaram a ameaçar. O que estava armado apontou a arma para as costas delas e disse "não olha que vou atirar". Enquanto isso, reuniam celulares, carteiras, dinheiro. Ainda me perguntaram onde era o cofre, aí eu falei: "moço, isso é um brechó" — contou a funcionária que estava no caixa, também rendida.

A proprietária da loja, Paula Ferreira, 46 anos, estava nos fundos e não percebeu a ação. Durante o assalto, uma senhora, cliente, entrou na loja e também acabou abordada.

No total, os homens levaram cinco celulares, incluindo o do estabelecimento. No caixa, havia cerca de R$ 60 — já que a maioria das compras é paga por pix ou cartão —, que foram roubados. O prejuízo total é estimado em R$ 12 mil, segundo as mulheres.

Antes de fugirem a pé, os homens ordenaram que as vítimas subissem a escada e ficassem no mezanino, sem olhar para trás. A funcionária rendida no caixa foi a última a se juntar ao grupo. 

— Elas foram subindo a escada e um deles me mandou sentar no chão. Fiquei com muito medo de ficar aqui sozinha com ele. Logo depois me mandaram subir também. "Levanta e sobe rápido, se não vou atirar", ele disse. Quando cheguei lá vi quase todas chorando, uma senhorinha estava muito mal. Aí ficamos ali esperando eles irem embora. A gente fica com medo, nervosa. Foram três minutos, mas parecia uma eternidade — lembra a funcionária.

Homens rondaram o local

Após a ação, funcionários de outros estabelecimentos comentaram com as vítimas que tinham visto os dois homens horas antes, rondando o local.

— Entraram na academia aqui na frente, pediram um cigarro. Certamente estavam de olho, rondando aqui antes de entrar. Não se importa de mostrar o rosto em outros comércios aqui perto, nem de aparecer na câmeras, que temos nas lojas — diz a proprietária Paula.

Ela e demais funcionárias da loja afirmam que não teriam visto os homens anteriormente no bairro.

Desde aquele dia, a loja funciona com a porta de vidro trancada com chave. A medida, no entanto, "inibe muito as vendas", não é viável, explica a comerciante.

— O pior de tudo é a sensação que fica, de impotência, fraqueza. De que invadiram a tua vida, teu trabalho, a gente fica aqui agora desconfiada de todo mundo, nervosa. Uma sensação muito ruim — afirma Paula.

O brechó abriu há cinco anos, no Nova Olaria, e teve lojas na Zona Sul e no bairro Moinhos de Vento. Atualmente, funciona apenas na Avenida Venâncio Aires, em um espaço aberto há cerca de oito meses, que não havia registra roubos anteriormente.

A Brigada Militar foi chamada e uma ocorrência foi registrada. O boletim será encaminhado à 10ª delegacia, responsável pela região, que irá abrir investigação para apurar a autoria do roubo.