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Em vídeo, mãe e madrasta aparecem transportando mala que teria sido usada para carregar corpo do menino Miguel

Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa são julgadas nesta quinta-feira, em Tramandaí, por crime ocorrido em Imbé

04/04/2024 - 09h39min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Polícia Civil / Divulgação

A Polícia Civil conseguiu localizar imagens de câmeras de segurança que ajudam a mostrar o trajeto feito pela mãe e pela madrasta do menino Miguel dos Santos Rodrigues, sete anos, desaparecido em julho de 2021 em Imbé, no Litoral Norte. Yasmin Vaz dos Santos Rodrigues e Bruna Nathiele Porto da Rosa são julgadas nesta quinta-feira (4), no Litoral Norte. 

Os vídeos gravados no início da madrugada do dia 29 de julho mostram Yasmin e Bruna caminhando na área central da cidade. A mãe aparece transportando a mala onde estaria o corpo do filho. Uma das imagens foi captada à 1h03min, na Avenida Osório. Nela, Yasmin e Bruna passam caminhando, as duas usam moletom com capuz. Yasmin carrega com o braço esquerdo a mala, onde estaria o corpo da criança. 

No mesmo ponto, à 1h58min, as duas aparecem retornando, de braços dados. Segundo a investigação, nesses 55 minutos elas teriam percorrido o trajeto até as margens do Rio Tramandaí. Lá o cadáver do menino teria sido arremessado nas águas. A apuração ainda conseguiu localizar pelo menos outros quatro pontos onde foram obtidas imagens de câmeras no trajeto de cerca de dois quilômetros entre a pousada e o rio. Em todos eles, Yasmin é quem aparece transportando a mala.

Um dos pontos que chamou a atenção foi o tamanho da mala usada. Segundo o depoimento de Bruna, para que o menino coubesse na mala, Yasmin teria quebrado braços e pernas da criança. Este, inclusive, é um dos pontos citados na denúncia encaminhada ao Judiciário pelo MP. No depoimento à polícia, a madrasta disse também que o menino estava muito magro, subnutrido.

Os crimes

As rés serão julgadas por homicídio triplamente qualificado, tortura e ocultação de cadáver. As qualificadoras são motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a vítima. Além das agravantes de crime cometido contra menor de 14 anos, e para Yasmin contra descendente.

O que dizem as defesas

A defesa de Yasmin não pretende pedir a absolvição da mãe pelo crime, pelo contrário. Segundo a advogada Thais Constantin, o intuito é permitir que os jurados analisem as provas periciais, que constam no processo, e que julguem a mãe com base nisso.

— Nossa bancada trabalhará para que o Conselho de Sentença decida por sua livre convicção, baseada no olhar crítico sobre cada prova que integra os autos. Da mesma forma, demonstrar que o conteúdo probatório se calçou na confissão de Yasmin, deixando de analisar a compatibilidade de suas declarações com as provas periciais formalizadas pelo Instituto-Geral de Perícias. Confiamos que, ao final deste julgamento, os jurados afastados da pressão social condenem Yasmin, na medida dos atos por ela efetivamente praticados — sustenta a defesa.

Responsável pela defesa de Bruna, o advogado Ueslei Boeira afirma que pretende demonstrar no plenário que a madrasta não foi a responsável direta pela morte do menino.

— É um processo extenso e que estamos buscando em cada detalhe trabalhar em uma defesa técnica e esclarecedora, dando voz a Bruna, para que o Conselho de Sentença possa julgar dentro da realidade dos fatos e conforme as provas que há processo, de acordo com suas consciências, e que possam decidir, caso entendam pela culpa ou inocência da Bruna. Portanto, buscaremos demonstrar que a Bruna não concorreu diretamente ao resultado. Esperamos que seja um julgamento justo e respeitoso para todas as partes — afirma o criminalista.



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