Averiguação
Empresário perde R$ 90 mil em suspeita de extorsão feita por massagista que teria fingido gravidez em Canoas
Fato que gerou o caso teria ocorrido em setembro de 2023; investigação é conduzida pela 3ª Delegacia da Polícia Civil do município
Uma massagista suspeita de extorquir um cliente em até R$ 90 mil após também prestar serviços sexuais e fingir uma gravidez é alvo de uma investigação da Polícia Civil em Canoas. Na terça-feira (16), a 3ª Delegacia de Polícia do munícipio deflagrou a Operação Surya, e cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da investigada, na casa do seu filho e também no local onde ela normalmente atua.
O fato que deu origem ao caso teria ocorrido em setembro do ano passado. Conforme a investigação da Polícia Civil, um empresário de Canoas, de 68 anos, estava buscando os serviços de uma massoterapeuta pelas redes sociais, até que se deparou com o perfil da suspeita, de 44 anos. Após contato, teriam combinado de fazer uma massagem por R$ 200, em uma sala no centro da cidade.
Na hora e no local combinados, ocorreu o atendimento ao empresário. Contudo, ainda conforme a investigação, a massagista teria oferecido serviços sexuais após a massagem ao cliente, que aceitou a proposta, tendo como contrapartida pagar alguns boletos da mulher. Algumas semanas depois, a suspeita volta a entrar em contato com o empresário afirmando estar grávida, enviando também imagens de um suposto exame de gravidez.
— Foi aí que começou o processo de extorsão. Depois de comunicar a suposta gravidez, a massagista logo começou a dizer para a vítima que precisava de dinheiro para realizar consultas, fazer exames e também para se manter, já que ela teria que parar de trabalhar por causa da gestação — afirma a delegada Luciane Bertoletti, que lidera a investigação do caso.
A princípio, o empresário questionou a massagista, pois eles haviam usado preservativo no ato sexual e também por ele já ter realizado um procedimento de vasectomia há alguns anos. Mesmo assim, a vítima começou a transferir valores para a suspeita, que também estaria ameaçando expor o caso aos amigos e familiares do empresário, que é casado e tem filhos e netos.
A investigação da polícia aponta então que, cerca de dois meses após a comunicação da gravidez, a suspeita teria informado ao empresário que havia perdido o bebê, passando então a exigir valores para arcar com os custos de procedimentos como curetagem e tratamentos psicológicos. Os depósitos, que seriam feitos na conta pessoal da suspeita e também na conta do seu filho, de 23 anos, teriam excedido o montante de R$ 90 mil, e só cessaram após o empresário registrar ocorrência na polícia, que pediu bloqueio das contas apontadas como beneficiadas. Durante a busca e apreensão na casa da suspeita, os agentes encontraram móveis novos, como televisão, geladeira e cama, que teriam sido adquiridos nos últimos meses e pagos à vista e em espécie.
Ainda na terça-feira, a suspeita prestou depoimento à polícia sobre o caso, e, nesta quarta-feira (17), foi a vez do seu filho depor. Agora, a investigação segue em fase de produção de provas até um possível indiciamento dos suspeitos, por prática de extorsão, fraude documental e estelionato.
— Estamos também aguardando o resultado de outras medidas judiciais solicitadas, para a partir disso podermos confirmar o que foi relatado pela vítima e desenhar o que realmente aconteceu, com um possível indiciamento dos dois investigados, a mãe e o filho — complementa a delegada Bertoletti.
Contraponto dos investigados
Em seu depoimento à polícia, a investigada alegou que realmente ficou grávida do empresário, versão sustentada também por seu filho no depoimento desta quarta-feira.
Segundo a advogada Lisandra Uequed, que representa os suspeitos, a sua cliente, além de ser cuidadora de idosos, seria também garota de programa, e manteria relações sexuais frequentes com o empresário envolvido no caso desde 2008. Em determinado ato no último ano, o preservativo teria se rompido, gerando assim a gravidez.
Lisandra afirma ainda que as transferências financeiras que o empresário fez para a sua cliente somariam R$ 32 mil, sendo para pagar remédios abortivos, que não teriam funcionado, e então para custear um procedimento de aborto, que teria sido sugerido por ele e que teria sido realizado em uma clínica clandestina, em Canoas, em momento de fragilidade emocional de sua cliente.
A advogada destaca ainda que nenhum dos suspeitos têm passagens anteriores pela polícia, e que a investigada nunca ameaçou contar o caso para a família do empresário, pois era um cliente antigo seu. Sobre os móveis novos encontrados na casa da investigada, sua defensora alega que teriam sido adquiridos com pagamentos advindos do trabalho de sua cliente, além de contribuição do seu filho, e não com dinheiro enviado pelo empresário.