Na madrugada de sexta
Polícia investiga morte de jovem que estava em veículo durante abordagem da BM em Novo Hamburgo
De acordo com a Brigada Militar, Rafael Gonçalvez dos Santos, 25 anos, era um dos ocupantes de um carro que não obedeceu a ordem de parada
A Delegacia de Homicídios de Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, está ouvindo testemunhas para apurar as circunstâncias da morte de Rafael Gonçalvez dos Santos, 25 anos, durante uma abordagem policial. O caso aconteceu no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, na madrugada de sexta-feira (5).
Conforme a Brigada Militar, Rafael estava no banco de trás de um carro, ocupado por outros dois adultos e uma adolescente. Em determinado momento, segundo a BM, o veículo recebeu ordem de parada, mas o motorista não obedeceu. Teria se iniciado uma perseguição.
De acordo com nota emitida pela Brigada Militar (leia na íntegra abaixo), o motorista estava com objeto nas mãos quando o veículo cortou a frente da viatura. Em razão disso, um policial militar disparou em direção ao automóvel.
O tiro acertou Rafael, que foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos. Ainda não foi confirmado de qual arma partiu o disparo.
— No momento em que um veículo é incitado a parar, que é determinado uma abordagem, o veículo tem de parar. Caso contrário, realmente o procedimento é que sejam feitos mais avisos. Se a guarnição determinou a parada, seja porque avistou alguma irregularidade de trânsito ou alguma atitude eventualmente suspeita, ela vai fazer perseguição até que o veículo pare — destacou a delegada Marcela Ehler.
Para não atrapalhar o andamento das investigações, a polícia mantém sigilo sobre a maior parte das diligências realizadas até então.
— Existem diversas perícias que serão realizadas no veículo, na vítima, no armamento, mas não (podemos falar) exatamente quais serão realizadas, até porque isso também fica a cargo do Instituto-Geral de Perícias e não só da Polícia Civil — completou.
"Quero saber a verdade", diz mãe de Rafael
A mãe de Rafael, a merendeira Maria Cristina Gonçalves, disse, em entrevista para a RBS TV, que não recebeu nenhum esclarecimento por parte da Brigada Militar e da Polícia Civil, e que busca por justiça.
— Quero saber a verdade, se os guris fugiram, por que (os PMs) atiraram. Mesmo que fugissem não tinha de atirar para matar. Eu quero os vídeos, quero a verdade, quero justiça — afirmou Maria Cristina.
Segundo ela, o filho tinha dois empregos: de dia era motorista de caminhão, e à noite trabalhava como motoboy.
— Era uma pessoa querida por todo mundo. Deu tanta gente no cemitério que eles tiveram de fechar pra não deixar mais ninguém entrar. Ele era amado por todo mundo, eu não sei te dizer uma pessoa que não gostasse dele — disse a mãe de Rafael.
Rafael deixa uma filha de três anos e a companheira grávida.
Posicionamento
A Brigada Militar se manifestou por meio de nota
A Brigada Militar informa que está apurando as circunstâncias referentes a ocorrência atendida pelo 3º Batalhão de Polícia Militar, no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo.
Durante a madrugada de sexta-feira (5/4), uma equipe do 3º BPM tentou abordar um veículo em via pública, que não obedeceu a ordem de parada e fugiu.
A equipe acompanhou o veículo e, após percorrer algumas vias, o motorista do veículo “cortou” a frente da viatura segurando um objeto nas mãos. Em ato contínuo, um dos militares efetuou um disparo de arma de fogo contra o veículo. Dentro do carro haviam três adultos e uma adolescente. Um dos adultos ficou ferido com o disparo e não resistiu.
A Corporação instaurou um Inquérito Policial Militar para elucidar os fatos e eventuais responsabilidades.
Como Instituição dedicada à proteção e à segurança de toda a sociedade, a Brigada Militar reafirma seu compromisso com a defesa dos direitos e garantias fundamentais, atuando diuturnamente em defesa na sociedade e na preservação da ordem pública.