Região Metropolitana
Servidores públicos e agentes políticos de Alvorada estão entre os investigados por desvio de doações
Os envolvidos estão proibidos de frequentar os abrigos e locais oficiais de distribuição de donativos a vítimas da enchente; eles poderão ser indiciados por peculato e associação criminosa
A Polícia Civil apreendeu nesta terça-feira (4) três caminhões de doações que deveriam estar em pontos oficiais de coletas da prefeitura de Alvorada e estavam em residências particulares. Conforme a investigação, pelo menos 11 pessoas estão envolvidas na retirada de donativos dos postos, sendo seis servidores públicos ou agentes políticos do Executivo e Legislativo da cidade.
Conforme o delegado Rodrigo Bozzetto, da 1ª Delegacia de Polícia da Região Metropolitana, a Polícia Civil solicitou o afastamento do cargo de cinco agentes públicos, mas o pedido não foi atendido pelo Poder Judiciário. Entretanto, as 11 pessoas estão proibidas de se aproximar ou frequentar os abrigos e locais oficiais de distribuição de donativos de Alvorada.
— Já foi definido tanto com a prefeitura, quanto com o Ministério Público e a Polícia Civil, que as doações que o município está recebendo durante essa calamidade das enchentes eram para ser depositadas em dois locais e distribuídas em um centro somente. A investigação, durante três semanas, apurou que várias doações foram desviadas. Agentes públicos e pessoas comuns iam nesses locais e retiravam as doações com carros particulares e levavam para outros locais. Não havia um controle — explicou Bozzetto.
Entre os itens encontrados nas casas, estão cestas básicas, água, alimentos, roupas e cobertores. O processo está em sigilo. Conforme o delegado Diego Traesel, de Alvorada, filmagens a que a polícia teve acesso mostram pessoas acessando os ginásios e abrigos e carregando o carro de doações que deveriam ser encaminhadas à população diretamente afetada. A polícia ainda irá apurar qual o fluxo do desvio e a destinação dos donativos retirados dos pontos oficiais.
Também foram apreendidos celulares e aparelhos eletrônicos, que serão analisados. Os investigados também serão ouvidos. Eles poderão ser indiciados por peculato e associação criminosa, com o agravante de serem cometidos durante uma calamidade.
Na tarde desta terça-feira, o prefeito de Alvorada, José Appolo, e o procurador-geral do município, Mauro Otto, se reuniram com a Promotoria de Justiça e com a polícia para tratar sobre a operação policial.
O que diz a prefeitura de Alvorada
Em nota, a prefeitura de Alvorada disse estar à disposição para "colaborar em todos os aspectos da investigação, e se realmente constatadas as irregularidades apontadas, seguirá suas ações conforme as orientações da Justiça".