Polícia



Feminicídio

"Nossa família foi destruída", diz tio de jovem assassinada na zona leste de Porto Alegre

Brenda dos Santos Baptista, 20 anos, despareceu em 29 de junho, no bairro Partenon. Corpo dela foi encontrado uma semana depois com sinais de asfixia. Namorado da jovem foi preso e indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver

19/07/2024 - 08h46min


Jean Peixoto
Jean Peixoto
Enviar E-mail
Arquivo Pessoal / Reprodução
Brenda dos Santos Baptista, 20, desapareceu no dia 29 de junho e foi encontrada em 6 de julho.

A cama em que Brenda dos Santos Baptista, 20 anos, dormia junto da mãe agora está vazia. O sofrimento pela morte da filha é tanto que, mesmo após uma semana do sepultamento da jovem, a mãe ainda não conseguiu retornar ao lar.

Depois de ficar uma semana desaparecida, Brenda foi encontrada sem vida no bairro Lomba do Pinheiro, na zona leste de Porto Alegre. Nascida e criada no Partenon, a jovem dizia que estava grávida e, segundo a investigação da polícia, o suspeito de assassiná-la seria o pai do bebê.

O tio materno de Brenda, o alpinista Gerson Dos Santos Leite Júnior, 33, conta que ela e a mãe eram melhores amigas. Uma das atividades preferidas da sobrinha, inclusive, era passear com a mãe no shopping. Estudante de ciências mortuárias, ela sonhava em trabalhar como perita.

O tio a descreve como uma jovem de personalidade forte, que gostava de diferentes ritmos musicais que iam do rock ao funk. Embora não acompanhasse futebol, era gremista, como a mãe e o tio.

Vaidosa, gostava de fazer transmissões ao vivo com tutoriais de maquiagem nas redes sociais. Além da mãe, dos tios e avós, Brenda também deixou o gatinho Tom, a quem criou desde filhote.

Com um círculo de amizades restrito, eventualmente dormia na casa de alguma amiga, mas sempre avisava a mãe. O namorado, que se tornou suspeito da morte dela, não era próximo da família da jovem, embora soubessem do relacionamento. O tio relata que, para alguns familiares, como ele, Brenda havia revelado que estaria grávida.

Desaparecimento

Gerson conta que no sábado, 29 de junho, dia do desaparecimento, uma festa junina entre familiares e amigos foi realizada na casa ao lado de onde a jovem vivia com a mãe. Ela chegou a dizer à mãe que iria à festa. Mas não foi.

Brenda saiu com o namorado, que a buscou em casa. Segundo o relato do tio, o rapaz disse a ela que a levaria para conhecer os pais dele e que estaria ocorrendo uma outra festa junina.

O tio relata que a última visualização do WhatsApp dela ocorreu às 17h48min do sábado, que teria sido o horário em que ela e o namorado saíram. Segundo Gerson, às 19h49min, o namorado foi até a casa da família e contou que eles estavam dentro de um ônibus quando Brenda teria “surtado” e desembarcado.

O rapaz teria relatado à família que Brenda desceu próximo a um hipermercado localizado na Avenida Bento Gonçalves e que ele teria descido na parada seguinte. Ele teria feito o caminho de volta para procurá-la. Como não teria a encontrado, foi até a família dela.

— Desde o desaparecimento dela eu não parei um segundo de pedir ajuda para a polícia, nas redes sociais, buscando a imprensa. Algumas pessoas até deixavam ver as câmeras de segurança, outras não — lembra Gerson.

Das buscas ao luto

No dia 6 de julho, o Gerson Dos Santos Leite Júnior recebeu o contato de um homem que teria encontrado o corpo da sobrinha. Dois tios da jovem foram até o local indicado para identificá-la e chamaram a polícia. Naquele momento, as buscas se encerraram e teve início o luto da família.

Nossa família foi destruída. Não foi só uma vida que ele tirou, mas duas, porque ela estava grávida. A minha mãe tem pressão alta e desmaiou duas vezes quando soube. A mãe dela tem uma dor que só ela sabe. O que nós queremos é justiça, não que ela seja só mais um número — diz Gerson.

Prisão do suspeito

Nesta quarta-feira (17), a Polícia Civil prendeu Bruno Luís Gomes do Canto, 20 anos, o namorado apontado como suspeito do feminicídio de Brenda. A motivação para o crime ainda é investigada, mas a principal hipótese apurada pela polícia tem relação com a suposta gravidez, que teria desagradado o suspeito.

O preso confessou o assassinato e foi indiciado por homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. A investigação agora aguarda os resultados dos exames periciais para obter mais detalhes sobre o crime.

Procurado pela reportagem, o advogado de Bruno Gomes do Canto, Juliano Azevedo, disse que só vai se manifestar ao final das investigações.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias