Polícia



Crime no Vale do Sinos

"Ela era sempre muito alegre", diz amigo de mulher morta pelo marido em São Leopoldo

Fernanda Nunes da Silva, 34 anos, foi esganada pelo companheiro, que procurou a polícia para admitir a autoria do crime, no domingo (18). Pedagoga e dona de uma padaria, ela deixa duas filhas

21/08/2024 - 19h41min


Júlia Ozorio
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Alegre e cheia de sonhos. É desta forma que amigos de Fernanda Nunes da Silva, 34 anos, a descrevem. A pedagoga, que também era dona de uma padaria em São Leopoldo, foi morta dentro de casa, na cidade do Vale do Sinos, na madrugada de domingo (18). O marido confessou à Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Porto Alegre, que havia esganado a companheira. O nome dele não foi divulgado.

O sepultamento aconteceu na manhã do dia seguinte ao crime, no Cemitério Municipal da Feitoria, em São Leopoldo. A despedida reuniu familiares, amigos e conhecidos, que ainda absorvem e refletem sobre a brutalidade do crime. Todas as pessoas ouvidas nesta reportagem pediram para não ser identificadas.

— Ninguém acredita no que aconteceu. Todos gostavam dela. Desde novinha, ela era sempre muito alegre e nunca mudou isso. Era feliz, simpática. Com as filhas, ela era um "grude" só — conta um amigo de infância de Fernanda.

Os dois se conheciam havia cerca de 20 anos e chegaram a estudar juntos na escola. Ele relata que, além dessas qualidades, Fernanda era conhecida pela comunidade por ser alguém positiva e batalhadora. Havia se formado em pedagogia dois anos antes e era uma das poucas do núcleo familiar a ter acesso ao Ensino Superior.

A vítima também era dona de uma padaria no bairro onde cresceu e residia em São Leopoldo. A casa onde morava ficava no pavimento superior do comércio. Com colaboração de familiares, inclusive do marido, que confessou o crime, ela tocava o negócio. 

Por vezes atuando no atendimento da loja, Fernanda costumava ser educada e atenciosa com os clientes. O marido fabricava alguns dos pães e doces que eram vendidos no estabelecimento e era igualmente educado com a clientela, narra um morador da região que costumava fazer compras no local.

Relacionamento familiar

Um vizinho, que mora há cerca de 40 anos na região, conta que viu Fernanda crescer e construir sua família. Segundo ele, a pedagoga era bem-quista no bairro, não tinha desafetos e aparentava não ter problemas no relacionamento amoroso.

Eles estavam juntos fazia uns 20 anos. A família parecia ser unida. Nunca vi brigas entre eles. No final do dia, ela gostava de sentar em frente de casa para tomar chimarrão e conversar com os familiares —  afirma. 

Desde que o crime aconteceu, no entanto, a calçada que costumava estar repleta de familiares de Fernanda ficou vazia. 

— Vi eles uma vez, mas acho que pegaram as coisas e foram para outro lugar. Sumiram daqui — observa uma vizinha. 

Ela relata ainda que o crime pegou os residentes do entorno de surpresa, gerando um choque para aqueles que costumavam ver e interagir com Fernanda cotidianamente. 

— Ela tinha vários sonhos e amava viajar, passear e descobrir coisas novas. Era uma pessoa amigável e amada por todos — comenta uma amiga.

Ela comentou a Zero Hora que viveu muitos anos na mesma cidade da amiga, o que as aproximou por um longo período. Como se mudou, nos últimos tempos recebia atualizações sobre Fernanda pelas redes sociais.

Despedida precoce

Mesmo com a distância física, recorda que no próximo sábado (24), Fernanda completaria 35 anos

— Fernanda era uma ótima mãe, muito apegada às filhas. Acredito que a partida dela, que foi tão cedo, será um grande desafio para elas, principalmente pela forma com que aconteceu — reflete.

Nas redes sociais, familiares e amigos fizeram diversas homenagens à vítima. Em maioria, as mensagens ressaltam a dor causada pela crueldade do crime. 

Relembre o caso

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Marido informou a PRF, em Porto Alegre, que havia esganado a companheira.

Fernanda Nunes da Silva, 34 anos, foi morta em casa, no bairro Santos Dumont, em São Leopoldo, na madrugada de domingo (18). 

O crime foi informado a autoridades pelo próprio marido de Fernanda, que se dirigiu até o posto da Polícia Rodoviária Federal, em Porto Alegre, e confessou o crime. Aos policiais, disse que havia esganado a mulher e indicou o endereço da casa. O casal se relacionou por cerca de duas décadas.

A Brigada Militar foi acionada pela PRF e, no local, encontrou Fernanda sem vida. O homem foi preso em flagrante e encaminhado à Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de São Leopoldo. 

A Polícia Civil informou que Fernanda não tinha nenhuma ocorrência registrada na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de São Leopoldo, tampouco medidas protetivas


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