Investigação
Em áudio gravado antes da prisão, Nego Di cita "estornos estratégicos" para "acabar com incômodos"; ouça
Segundo a polícia, ele estaria se referindo à insatisfação dos clientes que não teriam recebido produtos que adquiriram de loja virtual. Influencer é suspeito de estelionato
Em uma gravação de áudio obtida pelo g1, o influenciador e humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, fala em "estornos estratégicos" para "acabar com manifestação e incômodos". O influenciador é réu por estelionato e está preso desde 14 de julho.
Segundo a polícia, ele estaria se referindo à insatisfação dos clientes que não teriam recebido produtos que adquiriram da loja virtual Tá Di Zuera.
— Preciso fazer uns estornos estratégicos, tá? Porque acho que não é novidade pra ninguém, eu não vou conseguir ressarcir todas as pessoas, né? Preciso fazer uns estornos estratégicos, assim, a fim de acabar com manifestação e incômodos — diz Nego Di.
O áudio integra a investigação sobre supostos casos de estelionato envolvendo a loja virtual. Dilson, que seria um dos responsáveis pelo e-commerce, foi indiciado. Não está claro para quem ele enviou o áudio.
Na gravação, o influencer pede uma lista com clientes que se fossem ressarcidos dariam "uma boa amenizada".
— Então, queria ver se tu tinha mais ou menos uma relação de umas 10 mais, assim. Que tipo tu acha, vai, esses aqui pagando vai dar uma boa amenizada e tal, entendeu? — complementa o humorista.
A defesa de Nego Di, sob responsabilidade das advogadas Tatiana Borsa e Camila Kersch, divulgou nota na noite desta quarta-feira (31), na qual confirma que o áudio foi gravado pelo investigado. "A intenção foi, sim, amenizar a situação, após uma série de perseguições", registra o comunicado.
Na nota, as advogadas afirmam que Di é "vítima de um golpe" e que tentava identificar "clientes reais" do site, para dar início aos ressarcimentos. O "influenciador digital, com boa fé, tentou solucionar o problema enquanto esteve em liberdade", argumentam, no texto (leia a íntegra abaixo).
Nego Di está preso preventivamente em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, desde o dia 14. O sócio dele, Anderson Boneti, foi preso no dia 22. Os dois foram investigados e indiciados por suspeita de estelionato no caso da loja. Na sexta-feira (26), a Justiça do RS negou um pedido de revogação da prisão do influencer.
Nota da defesa de Nego Di
Em relação ao áudio de Dilson Alves da Silva Neto, o Nego Di, a defesa esclarece que seu cliente iniciou o ressarcimento de pessoas que compraram na loja em que ele prestou serviço de divulgação. A intenção foi, sim, amenizar a situação, após uma série de perseguições, sendo que havia facilidade de localização, por se tratar de uma pessoa pública.
Com o aparecimento em massa de pessoas que não realizaram qualquer compra no site em questão, Dilson concentrou esforços na identificação dos clientes reais. Após tomar conhecimento dos valores necessários para atender os compradores, o cliente vendeu um veículo para dar início os pagamentos.
Fatos como o desconhecimento dos clientes e dos produtos vendidos, bem como toda a narrativa do processo, evidenciam a condição de Nego Di como vítima de um golpe, que resultou em danos irreversíveis para a sua imagem no Brasil. Mesmo nessa posição, o influenciador digital, com boa fé, tentou solucionar o problema enquanto esteve em liberdade.
A defesa lamenta, ainda, o constante vazamento de fragmentos do processo, que divulgados isoladamente, potencializam o pré-julgamento de seu cliente.
Tatiana Borsa - OAB/RS 47.419
Camila Kersch - OAB/RS 70.616