Manifestação nas redes
Justiça condena Nego Di por difamação e injúria contra deputada gaúcha
Em vídeo publicado em 2020, humorista chamou Luciana Genro de "velha sem vergonha" e "maconheira". Defesa de Nego Di afirma que "irá se manifestar sobre o caso assim que tomar ciência da sentença", proferida na sexta-feira, dia 23 de agosto. Influenciador poderá recorrer
O influenciador e humorista Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, foi condenado por difamação e injúria a um ano, um mês e dois dias de detenção em regime aberto — pena essa convertida em serviços comunitários e pagamento de multa de cinco salários mínimos.
A decisão da 4ª Vara Criminal do Foro Central da Comarca de Porto Alegre saiu na última sexta-feira (23), e se baseia em uma série de comentários dirigidos à deputada Luciana Genro, que apresentou uma queixa-crime contra o réu. Em um vídeo publicado no canal de YouTube do influenciador em 11 de março de 2020, o humorista chamou a política de "velha sem vergonha" e "maconheira".
Nego Di está preso preventivamente em Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre, desde o dia 14 de julho, por suspeita de estelionato. Conforme a investigação, o influencer e o sócio, Anderson Bonetti, que também está preso, abriram uma loja online que vendia produtos que nunca teriam sido entregues aos compradores (entenda abaixo).
A reportagem entrou em contato com a defesa de Nego Di, que afirma que "irá se manifestar sobre o caso assim que tomar ciência da sentença proferida sexta-feira". Segundo o Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), o influenciador poderá recorrer da decisão.
O juiz Eduardo Furian Pontes considerou que "o vídeo prejudicou a reputação da deputada e afetou sua carreira".
A decisão levou em consideração que o crime foi cometido em uma plataforma de grande alcance e causou danos à imagem da vítima. De acordo com a sentença, a defesa argumentou que se tratava de humor, mas o tribunal decidiu que as palavras ultrapassaram os limites aceitáveis da liberdade de expressão e configuraram ofensa direta à honra da querelante.
A sentença estabeleceu:
- Pena: um ano, um mês e dois dias de detenção, em regime aberto. A pena foi substituída por duas penas restritivas de direitos: prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária no valor de cinco salários mínimos.
- Multa: foi fixada uma pena de multa correspondente a 20 dias-multa, cada uma no valor de um décimo do salário mínimo vigente na época do caso.
- Indenização: Dilson Alves deverá pagar R$ 10 mil em indenização por danos morais, com correção monetária e juros.
Repercussão
Em seu perfil no Instagram, a deputada Luciana Genro fez uma publicação comentando sobre o caso: "Espero que essa condenação sirva de lição para todos os caluniadores e difamadores que acham que as redes são terra sem lei", escreveu.
Confira a manifestação na íntegra:
Entenda a suspeita de estelionato
Nego Di é réu por crimes de estelionato qualificado pela fraude eletrônica (17 vezes). Segundo o TJ, o influenciador e o sócio, Anderson Boneti, teriam lesado mais de 370 pessoas com vendas pelo site Tadizuera entre 18 de março e 26 de julho de 2022. A apuração da Polícia Civil indica que a movimentação financeira em contas bancárias ligadas a ele na época, passa de R$ 5 milhões.
Usuários relataram que compraram produtos como televisores, celulares e eletrodomésticos na página virtual, mas não teriam recebido os itens, nem a devolução dos valores. A polícia estima um prejuízo superior a R$ 330 mil.
A Polícia Civil afirma que Nego Di usaria a própria imagem para aumentar o alcance dos anúncios pela internet – com abrangência nacional, o que fez com que houvesse supostas vítimas até de fora do RS. Em perfis nas redes sociais, Nego Di tem mais de 10 milhões de seguidores.
O influenciador foi preso pela Polícia Civil do RS na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina, no dia 14 de julho.
A Justiça já negou dois pedidos de habeas corpus feito pela defesa de Nego Di. Com isso, o humorista segue preso preventivamente na Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan).
Nego Di também foi alvo de uma operação do Ministério Público por suspeita de lavagem de R$ 2 milhões após promoção de rifas virtuais ilegais e possíveis fraudes nas redes sociais.