Feminicídio
Homem é condenado a 21 anos de prisão por matar companheira em Sapucaia do Sul
Gabriela Mendes Cardoso, 19 anos, foi morta dentro de casa em março de 2023, após uma discussão com Cauã Camargo, 18
Terminou por volta das 23h de quinta-feira (3) o julgamento de Cauã Camargo, 18 anos, acusado de matar a companheira a facadas em Sapucaia do Sul, em março do ano passado. Ele foi condenado a uma pena de 21 anos de prisão, com cumprimento inicial em regime fechado, pelo assassinato de Gabriela Mendes Cardoso, 19.
Conforme o Tribunal de Justiça, os jurados entenderam que o réu cometeu homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima e por razões de condição de sexo feminino (feminicídio). Ainda cabe recurso, mas ele não poderá apelar em liberdade.
A denúncia do Ministério Público apontava que Camargo e Gabriela discutiram sobre a doação de um filhote de cachorro antes do crime. A investigação apontou que a jovem foi morta no quarto de casa, atingida por 16 facadas.
No processo, a defesa alegou que o réu não possuía antecedentes de violência doméstica e buscou uma absolvição por legítima defesa. Também tentou desqualificar o crime de feminicídio. O advogado Júlio Lima alega que o cálculo da pena foi desproporcional.
— Ele (juiz) se equivocou, ao meu ver, por não atenuar a pena do meu cliente pela confissão espontânea. Meu cliente confessou desde a sede policial, na instrução e diante dos jurados. Ele confessou que deu facadas, mas em legítima defesa — afirmou o defensor.
Crime e fuga
Por volta das 19h45min de 12 de março de 2023, Gabriela Mendes Cardoso e o companheiro, Cauã Camargo, tiveram uma discussão. Após isso, segundo a polícia, ele teria desferido 16 facadas contra a mulher, que estava no quarto, na cama.
A apuração da Polícia Civil à época do crime apontou que Camargo não estaria aceitando o fato de que eles discutiam o fim do relacionamento. Após o crime, ele fugiu da casa.
Durante as buscas, os agentes descobriram que o homem estava se escondendo em Rolante, no Vale do Paranhana. Três dias depois, ele correu para dentro de um matagal ao ver a movimentação policial na cidade. O helicóptero da Polícia Civil foi usado na operação.
A campana seguiu durante a madrugada, quando os agentes descobriram que uma caminhonete vermelha havia resgatado o procurado. Câmeras de segurança analisadas apontaram aos policiais que o homem havia se deslocado para Cachoeirinha.
Por volta das 12h30min do dia 16 de março, ele chegou acompanhado de um advogado na delegacia. De forma preliminar, assumiu a autoria, mas alegou legítima defesa. Ele então foi preso e permanece em prisão preventiva desde então.