Viamão
Monitor de comunidade terapêutica é preso por suspeita de agredir, torturar e manter pacientes em cárcere privado
Mais de 20 internos relataram terem sido espancados, algemados e sedados na instituição da Região Metropolitana, que foi interditada na segunda-feira. Proprietário foi detido no mesmo dia em outra clínica da qual é dono, em Cidreira, no Litoral Norte
Uma comunidade terapêutica que atende dependentes químicos em Viamão foi interditada por suspeita de agreção, tortura e cárcere privado aos pacientes. O monitor do local foi preso.
A ação ocorreu na tarde de segunda-feira (28), no bairro Fiúza. Conforme a delegada Jeiselaure de Souza, da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, mais de 20 internos relataram terem sido espancados, algemados e sedados. Medicamentos seriam prescritos sem receita, e as vítimas, agredidas com tapas e socos.
— Alguns dos internos sofreram fraturas. Pelo menos quatro deles tiveram que ser levados pelo Samu para receber atendimento — afirma a delegada.
Além das agressões, os pacientes eram submetidos a condições insalubres, alimentados com produtos sem procedência. Foram encontrados no local 22 pacotes de carne de gado sem prazo de validade e sem identificação, e a carcaça de um tatu, que teria sido morto e congelado para consumo. As vítimas alegam que eram forçadas a comer alimentos estragados.
Conforme a polícia, a clínica tinha alvará de funcionamento, concedido pela prefeitura de Viamão, e operava de forma legal. A reportagem procurou o município e aguarda retorno.
Os internos foram encaminhados para outra clínica da cidade pela Secretaria Municipal de Assistência Social.
Proprietário foi preso em Cidreira
A ação na Região Metropolitana foi um desdobramento da interdição de uma outra clínica, em Cidreira, que, segundo a polícia, praticava crimes semelhantes. O local pertencia ao mesmo proprietário, que foi preso também na segunda-feira, na cidade do Litoral Norte. Os nomes dos suspeitos presos não foram divulgados.
Um dos internos da clínica de Cidreira teria sido encaminhado contra a vontade para a unidade de Viamão, algemado, segundo relato da vítima, que diz ter sido agredida durante todo o trajeto.
— Estamos investigando agora se há outros locais desse mesmo dono em outras partes do Estado — complementa Jeiselaure.