Polícia



Risco à saúde

Carne contaminada pela enchente no RS foi maquiada para ser comercializada, diz polícia

Mais de 800 toneladas do produto foram compradas por aproximadamente R$ 80 mil e revendidas como mercadoria nobre, vinda do Uruguai, e própria para consumo humano

24/01/2025 - 12h54min


Zero Hora
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Polícia Civil / Divulgação
Quatro pessoas foram presas em operação contra empresa do RJ que revendeu carne contaminada pela enchente no RS.

Investigada por comprar 800 toneladas de carne contaminada pela enchente no Rio Grande do Sul e revender a outras empresas como própria para consumo humano, a Tem di Tudo Salvados, com sede em Três Rios (RJ), teria maquiado o alimento. A informação foi revelada pela Delegacia do Consumidor do RJ (Decon-RJ), conforme apuração do g1.

— Temos informações de que a carne foi maquiada para esconder a deterioração provocada pela lama e pela água que ficaram acumuladas lá no frigorífico da capital gaúcha — explicou o delegado Wellington Vieira.

Além de maquiar as peças de carne, a empresa também reembalou o produto em caixas que simulam cortes nobres de uma marca do Uruguai. Conforme a reportagem, uma picanha do lote contaminado estava sendo comercializada como carne nobre na sede da empresa na quarta-feira (22).

Com as embalagens falsas, a carne foi comercializada em diversos mercados de diferentes Estados brasileiros. Estima-se que a empresa fluminense tenha lucrado R$ 5 milhões com o esquema, após comprar o alimento alegando que seria reaproveitado para a produção de ração para animais. 

A Decon-RJ analisa notas fiscais apreendidas na sede da Tem di Tudo Salvados, a fim de identificar empresas que compraram lotes da carne contaminada. O consumo pode causar intoxicação alimentar e, em casos mais graves, levar a óbito.

A investigação começou após o frigorífico de Canoas, que vendeu a carne à Tem Di Tudo Salvados, comprar uma remessa de carne nobre uruguaia de uma empresa de Minas Gerais. Os empresários gaúchos desconfiaram do aspecto de podre do produto e identificaram que tratava-se do mesmo lote vendido anteriormente aos fluminenses.

Até o momento, quatro pessoas foram presas. São dois sócios e dois funcionários da Tem Di Tudo Salvados, sendo que um deles assumiu ter passado 17 dias em Porto Alegre para efetuar a compra da carne e organizar a logística de transporte ao Rio de Janeiro.

Investigação

A apuração teve início na Delegacia de Polícia de Proteção aos Direitos do Consumidor, Saúde Pública e da Propriedade Intelectual, Imaterial e Afins (Decon-Deic) do Rio Grande do Sul, ainda em junho de 2024. Foi quando a empresa de Canoas que vendeu a carne foi procurada por outra companhia gaúcha que havia comprado 3 toneladas do produto revendido e suspeitou do aspecto.

— Essa distribuidora antes de distribuir, ao verificar que a carne estava com aspecto estranho, entrou em contato com a empresa de Canoas e identificaram que havia algo de errado. Então a carne que veio para cá (Rio Grande do Sul) acabou não sendo comercializada — explica a delegada Samieh Saleh.

De acordo com Samieh, outra distribuidora de Minas Gerais teria comprado pelo menos 14 toneladas do produto impróprio. Ela afirma que não é possível estimar a quantidade de carne contaminada que pode ter sido consumida por clientes. Segundo a delegada, as quatro pessoas que foram presas em flagrante na quarta-feira, em operação conjunta com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, poderão ser responsabilizadas por crime contra a saúde pública, contra as relações de consumo e associação criminosa.

Na sede da Tem Di Tudo Salvados, outras irregularidades também foram constatadas pela investigação, que segue em andamento. A reportagem de Zero Hora tenta contato para posicionamento da empresa Tem Di Tudo Salvados, mas até o momento, não houve retorno.


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