Polícia



Caso em Torres

Em depoimento, sogra de suspeita de envenenar bolo afirma que farinha teria sido contaminada um mês antes das mortes

Zeli Teresinha dos Anjos e Diego dos Anjos foram ouvidos pela Polícia Civil novamente na segunda-feira. Mulher contou que última visita da nora à sua casa foi em 20 de novembro

22/01/2025 - 10h06min


Guilherme Milman
Guilherme Milman
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Humberto Trezzi
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Divulgação / Instituto Geral de Perícias
Bolo feito por Zeli Teresinha Silva dos Anjos continha farinha contaminada por arsênio.

Durante novo depoimento à Polícia Civil na segunda-feira (20), Zeli Teresinha dos Anjos, sogra de Deise dos Anjos, afirmou ter convicção de que a farinha havia sido contaminada com arsênio um mês antes do episódio que causou três mortes. 

Em seu relato, Zeli contou que a última visita feita por Deise em sua casa em Arroio do Sal, também no Litoral Norte, foi em 20 de novembro, cerca de um mês antes das mortes. 

Na ocasião, segundo Zeli, as duas conversavam na cozinha. No local, havia dois pacotes de farinha, um deles estava cheio e o outro, quase no fim — este teria sido usado pela vítima para fazer o bolo que causou as mortes. 

De acordo com a sogra, o único uso da farinha nesse período foi no preparo do bolo de reis, que causou a morte de três pessoas da família. Comer o doce antes do Natal seria uma tradição entre eles.

Depoimento de Diego

O marido de Deise, Diego dos Anjos, também prestou depoimento nesta segunda-feira. Ele confirmou que teve intoxicação alimentar em outubro do ano passado, quando tomou um suco de manga. 

Exames já haviam detectado resíduos de arsênio, um veneno, na urina do marido e do filho de Deise. A informação havia sido adiantada por Humberto Trezzi.

Análises do IGP

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) está analisando as amostras que comprovaram presença de arsênio no marido, filho e sogra de Deise Moura dos Anjos. O órgão recebeu na segunda-feira (20) os exames que haviam sido analisados por dois laboratórios.  

Os exames detectaram que o mesmo veneno presente no bolo feito por Zeli Teresinha dos Anjos se encontra no corpo dela, do marido de Deise, Diego Silva dos Anjos, e do filho do casal. 

O órgão afirmou, nas redes sociais, que os exames “precisam de análises adicionais do IGP, bem como do estudo técnico e do aprofundamento científico que poderão esclarecer os quesitos formulados pela Polícia Civil.” Essas análises devem apontar, por exemplo, o grau de letalidade da substância em cada organismo. 

Diego passou mal após ingerir suco de manga, que também contaminou o filho do casal. Desconfiados de que possa ser envenenamento, policiais civis pediram exames. 

Junto a isso, o IGP segue fazendo a análise de alimentos e de uma garrafa deixadas por Deise em uma visita a Zeli no hospital, enquanto ela esteve internada. A expectativa é de que os laudos fiquem prontos até o final da semana.

Entenda o caso

Em 23 de dezembro do ano passado, seis pessoas da mesma família precisaram de atendimento médico após comer fatias de um bolo de reis em Torres, no Litoral Norte. 

Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, Maida Berenice Flores da Silva, 59, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, 47, filha de Neuza, morreram.

O bolo foi preparado por Zeli Teresinha Silva dos Anjos, 61. Após comer duas fatias, Zeli passou mal e foi internada na UTI do Hospital Nossa Senhora dos Navegantes, em Torres, onde ficou 19 dias.

Um menino de 10 anos, neto de Neuza e filho de Tatiana, também ficou hospitalizado, mas foi liberado após alguns dias.

Jefferson Luiz Moraes, 60 anos, marido de Maida, foi liberado após atendimento médico. O marido de Neuza também estava na confraternização, mas não comeu o bolo.

Após as suspeitas da polícia sobre Deise, a investigação pediu a exumação do corpo de Paulo Luiz dos Anjos, marido de Zeli, que morreu em setembro. À época, a causa da morte foi atestada como intoxicação alimentar, mas a exumação confirmou o arsênio como causa da morte de Paulo também.

Contraponto

A reportagem tentou novo contato com os representantes de Deise nesta segunda-feira (20), mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Em nota divulgada em 10 de janeiro, dia que foi realizada coletiva de imprensa, a defesa da suspeita disse que as declarações divulgadas "não foram judicializadas no procedimento sobre o caso", portanto "aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação".

Veja quem é quem no caso do bolo



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