Polícia



Em São Francisco de Assis

Suspeito de feminicídio na Fronteira Oeste teria ameaçado mãe da vítima antes de ataque a tiros em frente a hospital

Paola Muller, 32 anos, foi morta na segunda-feira. Alan Rodrigues da Silva, 26 anos, que tinha um filho com a vítima, foi flagrado cometendo o crime

30/01/2025 - 16h35min


Júlia Ozorio
Júlia Ozorio
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Polícia Civil / Divulgação / Reprodução
Alan Rodrigues da Silva foi flagrado atirando em Paola Muller na porta de hospital em São Francisco de Assis.

Minutos depois de descarregar uma arma de calibre 38 na ex-companheira, em frente ao filho de seis anos, Alan Rodrigues da Silva, 26 anos, foi até a casa da ex-sogra, de 63 anos, segundo a polícia, avisar: "Só não te mato agora, porque tu está com o meu filho". O menino, que viu toda a cena, teria corrido até a casa da avó materna para anunciar que o pai havia tentado assassinar a mãe, Paola Muller, 32 anos, a tiros, na segunda-feira (27).

O caso em São Francisco de Assis, na Fronteira Oeste, aconteceu quando a vítima chegava em casa após o expediente em uma farmácia. O motivo, conforme a Polícia Civil, seria o descontentamento de Silva com a perda da batalha judicial pela guarda do filho. O suspeito foi preso em flagrante.

A ameaça contra a mãe da vítima não teria sido a primeira, conforme depoimento da idosa. A mulher, que não teve o nome divulgado, relatou à polícia que, nas semanas que antecederam o feminicídio da filha, ela vinha recebendo ameaças de agressão e de morte por parte de Silva. Os contatos teriam acontecido pessoalmente e pelas redes sociais. 

— É possível que, se ela estivesse sozinha, poderia também ter sido morta por ele. Nas palavras dele, ele só não a matou porque ela estava com o seu filho no braço, de mãos dadas — acrescenta o delegado Marcelo Batista.

A idosa, que se encontra sensibilizada, também perdeu outra filha, há cinco anos, por feminicídio.

Crueldade e frieza

Após ameaçar a mãe da vítima e ex-sogra, na segunda-feira, o suspeito recarregou a arma e, de moto, seguiu caminho até o hospital onde a vítima, após ser socorrida por vizinhos, teria sido encaminhada para receber cuidados médicos e tentar sobreviver ao primeiro ataque.

Na porta da instituição, ele descarregou novamente a arma contra a ex-companheira, efetuando mais seis disparos. Paola não conseguiu sobreviver ao segundo ataque, e o homem foi preso em flagrante. Na terça-feira, conforme a Polícia Civil, a prisão passou a ser preventiva.

Para o delegado, que desde segunda vem conversando com testemunhas, o caso se caracteriza pela frieza do agressor, que mesmo após efetuar todos os disparos possíveis da arma contra a vítima — o que já havia a deixado em estado grave —, buscou recarregar a arma e perseguir a ex-parceira até o hospital para garantir sua morte. 

— O crime nos chamou a atenção, especialmente pela velocidade do disparo e o índice de acerto. Ele tinha curso de vigilante, tinha curso de arma, sabia atirar. É um crime diferente, que choca a todos, especialmente pela vontade de matar e pela crueldade, pela frieza de executar na frente do filho dele — frisou o delegado. 

Investigação

A investigação policial constatou que o crime teria sido premeditado. O motivo seria o descontentamento de Silva com a perda da batalha judicial pela guarda do filho de seis anos dos dois.

A decisão saiu em 22 de janeiro. Conforme a polícia, naquela noite, Silva foi até a casa de Paola, onde forçou a porta e quebrou o vidro. Ela fez um boletim de ocorrência e foi pedida a medida protetiva de emergência, que foi concedida na quinta-feira (23).

Nas redes sociais, Silva publicou um texto admitindo o assassinato e alegando desespero pela perda da guarda do filho: "Eu tentei da melhor forma, avisei, pedi, pedi e pedi mil vezes: por favor, não tirem meu filho de mim, ele é tudo que eu tenho, mas não adiantou. Foram lá e fizeram de tudo que é mentira pra me tirar ele", escreveu.

Conforme o delegado, o inquérito deve ser encerrado em até 10 dias. Além das ameaças relatadas e da morte de Paola, a polícia investiga agora as imagens que flagraram os disparos efetuados pelo suspeito. O objetivo é verificar se não houve uma tentativa de homicídio em relação aos vizinhos que estavam socorrendo a vítima.


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