Polícia



Lomba do Pinheiro

Polícia prende suspeito e diz que adolescente foi executado ao ser confundido com traficante em Porto Alegre

Vítima de 16 anos estava em veículo, que parou em ponto de tráfico. O motorista do carro, de 20 anos, também foi baleado, mas sobreviveu

10/02/2025 - 12h44min


Leticia Mendes
Leticia Mendes
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Eduardo Paganella / RBS TV
Veículo foi atingido por 18 disparos.

A Polícia Civil acredita que um adolescente de 16 anos foi executado na zona leste de Porto Alegre ao ser confundido por criminosos com um traficante rival. O veículo onde a vítima estava parou em frente a um local, que seria um ponto de tráfico, e foi atacado a tiros. 

Segundo a investigação, ele e um amigo, de 20 anos, teriam saído de um aniversário e ido ao local comprar drogas, mas acabaram alvejados por um homem, identificado como segurança do grupo criminoso. Um suspeito, de 28 anos, foi preso pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) na última sexta-feira (7). A polícia só divulgou a prisão nesta segunda-feira (10). 

Na noite da quarta-feira (5), por volta das 23 horas, o veículo onde estava o adolescente e um amigo parou em frente a um ponto de tráfico de drogas no bairro Lomba do Pinheiro. Os dois, segundo a polícia, estavam numa festa de família e teriam ido ao local adquirir entorpecentes. 

No momento em que chegaram ao local, o vidro do carona travou. Um criminoso, que atuava como gerente e segurança do ponto de tráfico, suspeitou da situação. Segundo o delegado Gabriel Borges, da 1ª Delegacia de Homicídios, o bandido acreditou que se tratavam de traficantes rivais.

— O vidro do carro travou. O cara gritou com eles. O vidro não abria. Então, ele começou a atirar. Estão, no momento, com certo conflito ali na Lomba do Pinheiro. Ele pensou que era um rival e atirou — explica o delegado.

Foram disparados 18 tiros contra o veículo — o adolescente, que estava na carona, morreu no local. Já o motorista foi atingido por oito tiros, mas sobreviveu. Logo após os disparos, o atirador, junto de outras pessoas que estavam no entorno e seriam usuárias de drogas, colocou o corpo do adolescente dentro do porta-malas. O baleado foi deixado no banco de trás.

A polícia obteve imagens de câmeras de segurança que mostram essa movimentação. Depois disso, o próprio atirador assumiu a direção do veículo. Ele dirigiu por cerca de cinco quilômetros até abandonar o carro, com o adolescente e o outro baleado dentro, nas proximidades da Avenida Bento Gonçalves. 

Segundo a polícia, o criminoso acreditou que os dois estavam mortos e retirou o veículo do local com intuito de não chamar a atenção para o ponto de venda de drogas. O jovem de 20 anos, baleado oito vezes, foi socorrido e segue hospitalizado. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. 

Para o delegado, o caso demonstra o risco de as pessoas comparecerem em locais de ponto de venda de drogas, notadamente marcados por conflitos entre grupos criminosos.

— Foi um crime bastante grave. Eram dois jovens, sem antecedentes, sem vínculo com o crime organizado, que neste caso foram confundidos com traficantes rivais, enquanto buscavam comprar entorpecentes — diz o delegado.

Suspeito preso

Na última sexta-feira (7), a polícia prendeu um homem de 28 anos, suspeito de ser o atirador. Uma pistola de calibre 9 milímetros, com numeração raspada — de uso restrito —foi apreendida com ele e encaminhada para a perícia para verificar se foi a mesma usada no crime. 

O investigado possui diversos antecedentes criminais, inclusive por homicídio e tentativa de homicídio contra policiais militares. Ele foi preso pelo homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de calibre restrito.

Informalmente, segundo a polícia, ele admitiu ter alvejado os dois. O suspeito não quis prestar depoimento formal. Além dele, foram ouvidos o outro jovem, de 20 anos, baleado, que ainda segue hospitalizado. Ele confirmou que os dois tinham ido ao local com intuito de comprar drogas e como se deu o crime. 

A polícia também ouviu testemunhas que estavam no local. Ainda durante o fim de semana, a prisão do suspeito foi convertida em preventiva pelo Judiciário. 

Protocolo

Após o crime, segundo o diretor do Departamento de Homicídios, delegado Mario Souza, foi acionado o protocolo de sete medidas contra assassinatos cometidos pelo crime organizado. Esse tipo de estratégia é aplicada sempre que os grupos criminosos cometem algum homicídio na Capital. 

Entre as medidas, realizadas de forma conjunta com a Brigada Militar, estão a saturação de área, com a presença de policiais nos pontos conflagrados, a realização de operações especiais.


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