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Região Metropolitana

"Por sadismo ele arrebatou e torturou", diz delegado sobre suspeito que manteve funcionário em cárcere em Canoas

Nesta quinta-feira (27), um homem de 42 anos foi preso por suspeita de torturar funcionário com choques elétricos e despejo de água fervente. Vítima também foi obrigada a decepar o próprio dedo

28/03/2025 - 10h35min

Atualizada em: 28/03/2025 - 16h37min


Júlia Ozorio
Júlia Ozorio
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Polícia Civil/Divulgação
Funcionário teria sido torturado por oito horas no sábado (22).

Ao se apresentar no trabalho no sábado (22), por volta das 9h, um homem de 49 anos foi surpreendido por um mata-leão, desferido pelo próprio patrão, de 42 anos. O golpe foi o início do que seriam mais de oito horas de torturas, realizadas em um ferro-velho localizado no bairro Centro, em Canoas, na Região Metropolitana. A vítima sobreviveu e conseguiu fugir. O suspeito foi preso nesta quinta-feira (27). Os nomes não foram divulgados.

Depois do golpe no pescoço, conforme a polícia, o homem foi algemado e acorrentado a um fogão a lenha. Na sequência, com o uso de um maçarico, o dono do empreendimento teria queimado os cabelos da vítima, e por meio de choques elétricos e despejo de água fervente, causado queimaduras de segundo grau no corpo do funcionário.

Conforme a polícia, uma furadeira elétrica também foi empregada na sessão de tortura, sendo usada para perfurar os joelhos da vítima. O homem ainda foi obrigado, em um momento de extrema degradação, a decepar parte do próprio dedo.

— A vítima disse que o suspeito exigia que ele confessasse um furto do seu dinheiro e cartão de crédito durante toda a sessão de tortura. Nenhum furto aconteceu. Não tem registro de ocorrência. Nada. Por sadismo ele (o suspeito) arrebatou e torturou — esclareceu o delegado Marco Antônio Arruda Guns, da 1ª Delegacia de Polícia de Canoas.

O suspeito também teria usado martelos, chutes e socos na tortura. 

Fuga garantiu prisão

Por cerca de seis meses, a vítima trabalhou no local. Foi o conhecimento da arquitetura do lugar que garantiu a fuga do cárcere.

Em meio aos atos violentos, o homem também conseguiu aproximar lentamente um instrumento — o mesmo usado para decepar o dedo — para cortar as correntes que o prendiam no local. 

De acordo com o diretor da delegacia de polícia regional de Canoas, delegado Cristiano Reschke, mesmo com os ferimentos, o homem juntou forças e pulou o muro do local, conseguindo escapar do cárcere após mais de oito horas de tortura

Ele se refugiu na casa da companheira e logo após procurou atendimento médico. O hospital acionou as autoridades, e a polícia deu início às investigações. 

O suspeito chegou a procurar a vítima depois do crime, mas não a localizou. 

— A vítima já tinha ouvido falar que ele (o suspeito) era extremamente violento e que ele gostava de torturar pessoas — acrescentou o delegado Marco Antônio Arruda Guns.

Polícia Civil/Divulgação
Patrão teria perfurado os joelhos da vítima com furadeira.

Prisão e investigação

O dono do local foi preso temporariamente na tarde desta quinta-feira (27), por suspeita de torturar e manter o funcionário em cárcere privado. Ele deve prestar depoimento à polícia nesta sexta-feira (28).

Conforme a Polícia Civil, o preso possui antecedentes por furto e seria usuário de drogas, como crack e cocaína. O negócio que ele estava à frente é conhecido na região por comprar e vender cobre.

Duas mulheres, apontadas como mãe e namorada do autor do crime, também estavam no local no momento das agressões. Elas também devem ser investigadas.

Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos nesta quinta-feira no local do crime. Lá, foram encontrados os instrumentos empregados na tortura, além de uma arma de fogo do tipo garrucha.

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) está realizando exames técnicos no local e nos objetos apreendidos. A análise preliminar identificou possíveis vestígios de sangue em um alicate corta-corrente, objeto que poderia ter sido usado para decepar o dedo da vítima.


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