Polícia



Risco à saúde

Falsa biomédica que realizava procedimentos estéticos sem registro é investigada pela Polícia Civil do RS

Maria Ana Barros de Assis foi flagrada em uma gravação afirmando que precisaria "comprar um diploma". Conselho Regional de Biomedicina confirmou a ausência de registro

20/04/2025 - 21h29min

Atualizada em: 20/04/2025 - 21h29min


Vitor Rosa
Vitor Rosa
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Reprodução/Redes Sociais
Nas redes sociais, Maria Ana se apresenta como uma profissional de sucesso.

Uma mulher é investigada pela Polícia Civil por se passar por biomédica e atender pacientes mesmo sem diploma algum. Maria Ana Barros de Assis, que nas redes sociais se apresenta como uma profissional de sucesso, foi flagrada em uma gravação afirmando que precisaria "comprar um diploma".

A reportagem entrou em contato com o advogado de Maria Ana, João Daniel Cerqueira de Oliveira, mas ele não quis se manifestar até a última atualização desta matéria.

Nas redes sociais, Maria Ana mostra atendimentos em vários Estados do Brasil, com fotos em blocos cirúrgicos e imagens de procedimentos estéticos, todos feitos de maneira irregular.

— Eu realizei o procedimento. Fiquei com sequelas uns três meses, sem sentir essa parte inferior. E hoje ainda tenho uma sequela, em que eu sinto a face repuxar — diz a empresária Luana Barreto, que foi atendida pela investigada.

De acordo com a delegada Luciana Smith, três pessoas se submeteram ao mesmo procedimento, conhecido como "endolift", e relataram problemas. Uma delas levou o caso à polícia, que pesquisou sobre a formação da falsa biomédica e descobriu que ela não tinha formação — o Conselho Regional de Biomedicina confirmou a ausência de registro.

Maria Ana já foi indiciada por exercício ilegal da profissão em Minas Gerais. O Ministério Público mineiro diz que ofereceu um acordo, por ser um crime de pena menor. Caso ela não aceite, uma denúncia deve ser oferecida.

Já na polícia gaúcha, a investigação está prestes a ser concluída. Segundo a delegada Luciana, falta apenas ouvir a investigada.

Maria Ana apagou as redes sociais e não está mais no Estado. Conforme a investigação, já há provas de que Maria Ana mentia para os pacientes.

— Ela se apresenta com dois nomes, e nenhum deles está inscrito em nenhum conselho regional do Brasil. Ela se diz biomédica e não é. É um caso que tem que ser tratado como estelionato — diz Renato Minozzo, presidente do Conselho Regional de Biomedicina da 5ª Região.

Outra mulher, que prefere não ser identificada, também relata ter sido vítima da investigada.

— Fiquei com fibrose por bastante tempo. Quando a notícia se alastrou, outras pessoas vieram me alertar — diz.

Risco à saúde

No Rio Grande do Sul, pelo menos 130 procedimentos estéticos realizados por profissionais sem habilitação foram reportados a conselhos profissionais do Estado em 2024. Na área de medicina, foram 99 — um aumento de 43% em relação ao ano anterior.

— A gente enxerga isso como a ponta de um iceberg. Sabemos que os números são muito maiores desde que nós os recebemos — avalia Eduardo Neubarth, presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers).

Falsos profissionais, que oferecem procedimentos estéticos sem ter formação e colocam em risco a vida de pacientes, movimentam um mercado milionário e têm desafiado as autoridades.

— Você deixar um profissional não habilitado fazer um procedimento estético pode causar muitos danos. Porque com a pessoa habilitada já existem certos riscos, qualquer procedimento tem um risco. Então imagina uma pessoa que não tem conhecimento nenhum — explica Neubarth.


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