Operação Medici Umbra
"Eles sabiam tudo sobre mim. Fiquei em pânico", relata médico gaúcho que teve contas invadidas por golpistas
Grupo suspeito de série de estelionatos é alvo de ofensiva da Polícia Civil do RS nesta terça-feira. São cumpridos cinco mandados de prisão preventiva


Os transtornos com uma conta de e-mail se transformaram numa dor de cabeça bem maior para um médico de Porto Alegre. O profissional é uma das vítimas de um grupo de São Paulo, alvo de operação da Polícia Civil do Rio Grande do Sul nesta terça-feira (17). A série de fraudes tinha como objetivo ter acesso aos valores aplicados pelas vítimas. Para isso, os golpistas acessavam documentos dos médicos e criavam contas falsas em outros bancos.
No início deste ano, após ser alertado por uma corretora de investimentos de que havia golpistas se passando por ele, o médico procurou a ajuda da Polícia Civil.
— Uma corretora me chamou, dizendo que havia perfil de pessoa que estava querendo que eu disponibilizasse metade do valor que eu tinha numa conta de banco que eu havia aberto no Exterior. Essa pessoa que estava se passando por mim abriu uma conta em meu nome no Exterior. Tinha minha cópia do imposto de renda, sabia todos os meus dados — explica o médico, que preferiu não se identificar na reportagem.
Os estelionatários tentavam fazer transferências em seu nome, no valor de R$ 800 mil. Até entender como os golpistas tinham conseguido acesso aos seus documentos, o médico se sentiu em pânico.
— Fiquei em pânico. O que vou fazer? Não seria só a parte financeira que estaria sendo atingida. Eles tinham minha foto, sabiam onde eu morava, qual era o meu carro. Eles sabiam tudo sobre mim, minha família. Vocês não fazem ideia do que isso gera nas pessoas — diz o médico.
A corretora só desconfiou do pedido de transferência porque se tratava de uma conta conjunta. Em razão disso, foram solicitados os documentos da esposa do médico.
— Eles mandaram uma foto de uma mulher, dizendo que era minha. Mas erraram. Aí mandaram outra mensagem "Opa, desculpa não era essa". Mandaram de outra que também não era a minha mulher. Só por isso não conseguiram fazer a transferência. Foi um pequeno inferno passado — relata o médico.