Zona sul de Porto Alegre
Facção alvo de operação é apontada como autora da morte de adolescente de 13 anos no bairro Restinga no último fim de semana
Grupo foi alvo de mandados de prisão e de busca e apreensão na manhã desta terça-feira na Capital. Dois fuzis foram apreendidos na ação


O grupo criminoso alvo de operação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) nesta terça-feira (17) em Porto Alegre é apontado pela Polícia Civil como autor de um ataque a tiros, no último domingo no bairro Restinga, na Zona Sul. Um adolescente, de 13 anos, foi baleado e não resistiu. Outro rapaz de 18 anos, ficou ferido e está hospitalizado. Para a investigação, esse crime faz parte das tentativas da facção de tomar território de inimigos.
— O grupo alvo da nossa operação na data de hoje já possui desavença com esse grupo rival, que fica situado ali numa área bem próxima deles, na Restinga, e no último domingo, no final da tarde, esse grupo se deslocou até a área desse outro e efetuou um atentado contra algumas pessoas, que são envolvidas também com a criminalidade — afirmou o delegado André Luiz Freitas, titular da 4ª Delegacia de Homicídios.
Durante este ataque, os executores ingressaram na Rua Doutor Carlos Niederauer Hofmeister num veículo, desembarcaram e passaram a atirar contra as vítimas, que estavam na via.
— O motivo também foi disputas relacionadas ao tráfico de drogas na área da Restinga — disse Freitas.
Durante a Operação Para Bellum – Fase Pandora, nesta terça-feira, foram presos cinco suspeitos de envolvimento com esse grupo e apreendidos dois fuzis. Entre os presos, estão duas mulheres, uma delas estava foragida e outra foi flagrada com drogas.
— Os presos, na operação de hoje são envolvidos diretamente no tráfico de drogas e muitas vezes também desempenham a função de executores — afirmou o delegado.
Outros ataques
Além deste caso do último fim de semana, o grupo é apontado como responsável por pelo menos outras duas trocas de tiros recentes. Uma delas aconteceu em novembro do ano passado, na Esplanada da Restinga. Integrantes dessa facção se envolveram num tiroteio que resultou na morte de uma jovem. Camilla Lopes Fruck, de 25 anos, foi vítima de bala perdida.

— Infelizmente, uma jovem de 25 anos, que passava pelo local, com amigos, e nada tinha a ver com aquela situação, acabou sendo alvejada, com um disparo de arma de fogo na cabeça. Imediatamente a Polícia Civil, o Departamento de Homicídios, acionou o nosso protocolo de enfrentamento aos homicídios, onde foram abordadas uma série de medidas, que culminaram na prisão do autor do disparo na mesma semana em que ocorreu aquele fato — recordou o delegado.
Após a prisão do suspeito de ser o autor do disparo que matou Camilla, a polícia seguiu investigando quem era o grupo rival, com quem ele trocava tiros naquela madrugada. Durante a apuração, a polícia identificou que se tratava desta facção, que vem tentando dominar territórios na zona sul da Capital e em áreas da Região Metropolitana. O grupo é vinculado a uma facção do Vale do Sinos.
Durante esse período, foi registrado outro ataque, em Canoas, na Região Metropolitana, atribuído ao mesmo grupo criminoso. Em 25 de janeiro deste ano, dois homens, de 36 e 37 anos, foram alvos de disparos no bairro Rio Branco. As vítimas, que também seriam integrantes de uma facção rival, foram alvejadas, mas sobreviveram.
— Essa medida de hoje, essa ação buscando a responsabilização dos executores, também dos mandantes e daqueles que se beneficiam da organização criminosa, consiste numa das medidas do protocolo das sete medidas, da dissuasão focada — afirmou a delegada Graziela Zinelli, da DHPP de Canoas.
— Tivemos três ataques da mesma facção. Dependendo do que for apurado durante o dia aqui nos próximos dias, nós poderemos ter outras medidas ainda e outras fases dessa operação, como por exemplo a instalação de inquérito policial de lavagem de dinheiro contra essa facção dentro do nosso protocolo. E também, certamente, poderemos ter nas próximas semanas transferências de presos, que sejam líderes ou mandantes desse ataques, que estejam envolvidos nos ataques —complementou o delegado Mario Souza.
Homenagem à vítima

A jovem Camilla, morta no tiroteio em novembro do ano passado, cresceu na Zona Sul, onde morou com a mãe até se mudar para o bairro Belém Novo.
Camilla chegou a iniciar a faculdade de Enfermagem, mas precisou trancar os estudos por falta de dinheiro. Havia conseguido ser aprovada para um emprego numa loja, onde deveria começar a trabalhar na semana seguinte.
Solteira, Camilla vivia com a cachorra Pandora, uma pitbull que vivia grudada com ela. O nome desta fase da operação nesta terça-feira é uma forma de homenagem à jovem, e também faz alusão à caixa de Pandora, um artefato mitológico grego que simboliza a origem de todos os males da humanidade.