Zona Norte de Porto Alegre
Policiais envolvidos na abordagem que terminou em morte de homem em surto são afastados
Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado para apurar o caso. Polícia Civil avalia que foi feito "uso moderado da força". Vítima foi identificada como Hérick Cristian da Silva Vargas, 29 anos

Dois policiais militares foram afastados pela Brigada Militar (BM) nesta terça-feira (16) por participação na abordagem que resultou na morte de um homem com esquizofrenia em Porto Alegre.
O caso aconteceu na segunda-feira (15). Segundo a BM, a vítima, identificada como Hérick Cristian da Silva Vargas, de 29 anos, teve um surto psiquiátrico. Os dois policiais afastados são um homem e uma mulher, que não tiveram suas identidades divulgadas. Eles teriam sido os únicos a atender a ocorrência no primeiro momento e teriam feito os disparos de armas de fogo.
Ambos foram afastados do policiamento ostensivo e estão em funções administrativas. A Brigada Militar tem um inquérito em andamento e informa que já analisou as imagens da ocorrência. O caso também é investigado pela Polícia Civil.
A BM sustenta que os policiais teriam tentado conter o homem por meio de verbalização e com o uso de uma arma de incapacitação neuromuscular (taser). O equipamento teria sido acionado duas vezes, mas não teve efeito. Ainda conforme a corporação, Hérick teria continuado a investida contra os agentes, o que levou ao uso de arma de fogo.
— A ação começa com uma conversa e depois há uma luta corporal. O rapaz se aproxima dos policiais e há, então, a utilização da arma de incapacitação neuromuscular do policial. Ao final, então, houve o uso da arma de fogo — relata o comandante do 20º BPM, tenente-coronel Tales Américo Osório.
A mãe de Hérick, Evolmara Vargas, lamentou a morte em entrevista à RBS TV.
— Chamei ajuda, não para matar meu filho, e foi o que aconteceu. Atiraram no rosto dele, não sei quantos tiros. É um guri jovem — lamentou.
A perícia vai apontar quantos tiros atingiram Hérick. A família afirma que os disparos atingiram a cabeça do homem.
IPM e Polícia Civil vão apurar se houve excesso
A Brigada Militar informou que instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para investigar o caso e que a ocorrência foi registrada pelas câmeras corporais nos uniformes dos soldados.
A Polícia Civil também apura se houve excesso na ação dos PMs. Preliminarmente, o delegado Carlos Assis diz que houve "uso moderado da força".
"Com base nas análises das imagens, bem como o depoimento dos envolvidos, das testemunhas, inclusive a mãe, eu cheguei à conclusão de que os policiais fizeram uso moderado da força. Eles tinham uma pistola não letal que foi utilizada, não foi suficiente", afirma o delegado.
Confira a íntegra da nota da BM
Na tarde desta segunda-feira (15/09), policiais militares do 20º Batalhão de Polícia Militar (20º BPM) atenderam uma ocorrência de violência doméstica no bairro Parque Santa Fé, em Porto Alegre.
No local, a mãe relatou que seu filho, de 29 anos, era esquizofrênico, teria feito uso de cocaína e estava agressivo, tendo a agredido e ameaçando tirar a própria vida. A equipe tentou conter a situação por meio da verbalização e com dois disparos de arma de incapacitação neuromuscular (TASER), que não surtiram efeito.
O indivíduo continuou investindo contra os policiais. Diante da gravidade da ação e não sendo possível conter o indivíduo por meio da verbalização nem da arma de incapacitação neuromuscular, foi feito o emprego de arma de fogo. O indivíduo foi atingido.
Foi acionado o SAMU de imediato, mas homem veio a óbito no local. Um policial militar sofreu ferimentos durante a ação.
A ocorrência foi registrada com o uso de câmeras operacionais portáteis e os fatos já estão sendo apurados pelas autoridades competentes. De imediato foi instaurado o devido Inquérito Policial Militar para investigação minuciosa da ocorrência. A área foi isolada para os trabalhos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) e da Polícia Civil.