Polícia



Mapa do crime

Saiba quais os bairros e os horários com maior número de roubos e furtos de veículos em Porto Alegre

Motoristas de aplicativo são as principais vítimas. Ocorrências dos dois tipos de crime registraram queda no primeiro semestre deste ano

25/09/2025 - 09h34min


Beatriz Coan
Beatriz Coan
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Isadora Neumann/Agencia RBS
Bairros da Zona Norte concentram maior parte das ocorrências.

Era madrugada de terça-feira, 25 de fevereiro, quando Marcelo Vasconcelos, 30 anos, parou com o seu carro, um Volkswagen Fox preto, em frente a uma escola do bairro Mario Quintana, na zona norte de Porto Alegre. Ele esperava por um novo pedido de corrida no aplicativo para decidir seu próximo destino, quando viu um outro carro passar pelo local. Não estranhou o movimento até que foi surpreendido pelo veículo voltando na contramão e com o farol alto.

— Quando fui ligar o carro para fugir, eles bateram na frente do meu. Deu aquele soco para trás. O meu pé saiu da embreagem e o carro apagou — relembra Vasconcelos.

De um Fiat Palio vermelho saltaram três jovens. Um deles portava um revólver calibre 38. Com o carro desligado e a porta destravada, puxaram Vasconcelos para fora e levaram o carro.

Cenas de roubo como essa se repetiram outras 325 vezes no primeiro semestre de 2025 — a maior parte delas nesta mesma zona da cidade. Logo atrás, vem a Zona Leste, com acesso à saída para Viamão (veja o mapa abaixo). Não à toa, são áreas que concentram os bairros mais populosos e localizados no limite com outras cidades ou próximos a rodovias, o que oferta possilidades de fuga.  

Os 326 roubos registrados de janeiro a junho deste ano representam queda de 58% frente ao primeiro semestre de 2023, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul. 

A queda também foi registrada nos furtos, com 10,9% menos episódios do que naquele ano. Individualmente, o Centro Histórico é o bairro que lidera o rankig de furtos do primeiro semestre de 2025. Uma explicação para isso está no maior número de veículos estacionados nas ruas do bairro.

O furto é pela conveniência. Oportunidade e conveniência do objeto, seja ele moto ou carro.

CORONEL FÁBIO SCHMITT DA BRIGADA MILITAR

Responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC)

A comparação entre períodos exclui o ano de 2024 por ter sido considerado atípico devido à enchente que atingiu a Capital. Ao longo dos meses de maio e junho, o acesso à cidade estava comprometido, inibindo a atuação dos criminosos, que tinham menor possibilidades de rota de fuga.

Planejamos as nossas ações com base na análise de dados. Por exemplo, os bairros da Zona Norte são os que concentram o maior número de roubos. Então, temos ali operações constantes, em aberto, pela Delegacia de Roubo e Furtos de Veículos, para coibir esses delitos

DELEGADA JEISELAURE DE SOUZA

Titular da Delegacia de Roubo e Furtos de Veículos (DRV)

Consulte o mapa de roubos e furtos de veículos e horários das ocorrências

Pesquise no mapa abaixo quantos roubos e furtos foram registrados e qual a faixa horária com maior número de ocorrências em cada bairro.

Motivações e comportamentos

A polícia aponta que carros furtados têm como destino principal a venda ilegal de peças, os desmanches. Além disso, locais sem câmeras de vigilância, com menos iluminação e pessoas circulando, costumam atrair os bandidos. Quem pratica o furto costuma ter conhecimento em destrancar e ligar veículos. Geralmente utilizam equipamentos para arrombar o carro sem levantar suspeitas.

Jonathan Heckler/Agencia RBS
Centro Histórico concentra maior número de furtos de veículos.

Já nos roubos, o objetivo, na maioria das vezes, é utilizar os veículos para cometer outros crimes, como homicídios, roubo à residência e atividades do tráfico de drogas. Diferentemente dos que furtam, esses criminosos têm o comportamento mais violento e agressivo e, em geral, estão com arma de fogo, o que aumenta o risco de latrocínio, apontam as forças de segurança.

Carlos Macedo/Especial
Maioria dos roubos geralmente ocorre a partir do final do dia.

Perfil das vítimas

As principais vítimas de roubos são os motoristas de aplicativo, como Vasconcelos. 

De acordo com a polícia, o risco existe tanto em relação aos condutores que ficam parados à espera de um novo pedido de corrida quanto ao passageiro que embarca no veículo.

Seis meses depois do assalto sofrido, Vasconcelos ainda sente as consequências do crime. O carro foi recuperado pela Polícia Civil alguns dias depois, mas, sem dinheiro para recolocar a placa arrancada e arrumar o estrago da batida frontal, o proprietário mantém o veículo parado no pátio de casa.


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