Polícia



Crime de 2016

"Cada dia parece um velório", diz mãe de adolescente que teria sido morto pelo tio; júri começa nesta segunda-feira

Policial militar aposentado, Jeverson Olmiro Lopes Goulart, 60 anos, responde por homicídio duplamente qualificado e estupro de vulnerável

27/10/2025 - 11h10min


Vinicius Coimbra
Vinicius Coimbra
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Dezenas de pessoas se reuniram nesta segunda-feira (27) no Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul (TJRS), em Porto Alegre, para acompanhar o júri da morte de Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves. O crime ocorreu em novembro de 2016,  quando a vítima tinha 12 anos, na zona sul da Capital.

Será julgado Jeverson Olmiro Lopes Goulart, 60 anos, policial militar aposentado e tio do adolescente. Segundo o Ministério Público, o réu estuprou a vítima e cometeu homicídio para esconder o abuso.

— Acredito na justiça divina e na do homem porque toda essa mobilização teria sido em vão se eu não acreditasse. Quero que esse caso sirva de exemplo para outros assassinos, para outras mães se motivarem e também para que os assassinos sejam punidos — disse Cátia Rosimary Lopes Goulart, 54 anos, mãe de Andrei.

Cátia foi decisiva para que o PM aposentado, que é irmão dela, fosse denunciado pelo crime. O caso inicialmente foi tratado como um suicídio. 

Um ano após o crime, em 2017, a Polícia Civil remeteu inquérito sem responsabilizar ninguém pela morte. No entanto, o Ministério Público seguiu no caso e obteve novas informações a partir de relatos de familiares.

— Eu sabia que não tinha sido suicídio, que tinha sido assassinato. A questão era provar, o que conseguimos. São nove longos anos sem o Andrei, cada dia parece um velório sem ele. Esperamos que ele seja condenado pelo crime, porque tirou a vida de uma criança inocente, que tinha um futuro pela frente — acrescentou a mãe.

Jeverson responde ao crime em liberdade e participará do júri por videoconferência, já que está no Rio de Janeiro, onde mora atualmente. A expectativa da Corte é que o julgamento dure dois dias. As atividades serão presididas pela juíza Anna Alice da Rosa Schuh, da 1ª Vara do Júri da Capital.

Durante o julgamento, serão ouvidas cinco testemunhas de acusação. A defesa, que não arrolou testemunhas, será representada pelo advogado Edson Perlin, com quem a reportagem não conseguiu contato nesta segunda-feira.

Pelo Ministério Público, atuarão os promotores Lúcia Helena Callegari e Eugênio Paes Amorim. O assistente de acusação será o advogado Marcos Vinícius Barrios.

O réu responderá por homicídio duplamente qualificado — mediante recurso que dificultou a defesa da vítima e para assegurar a ocultação de outro crime — e estupro de vulnerável.

Relembre o crime

Segundo a denúncia do Ministério Público, o caso transcorreu entre os dias 29 e 30 de novembro de 2016 na casa onde a vítima morava com a família, na zona sul de Porto Alegre. Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, 12 anos, foi encontrado morto com um tiro na cabeça.

O óbito ocorreu quando ele estava sozinho com o tio, Jeverson Olmiro Lopes Goulart, brigadiano da reserva, que visitava a família naquela época.

Para o Ministério Público, ele estuprou o adolescente no dia 29. Depois, para ocultar o crime, teria efetuado o tiro enquanto a vítima dormia, na madrugada seguinte. Além disso, após o homicídio, foi feita a manipulação da cena para forjar um suicídio.

A acusação argumenta que o réu se aproveitou da convivência familiar estabelecida, já que ambos compartilhavam o mesmo quarto.

A reportagem tenta contato com a defesa de Jeverson. O espaço está aberto para manifestação.


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