Polícia



Operação Rastreio

Investigação aponta esquema de falsos roubos e desmanche de carros no Vale do Sinos

Grupo alugava veículos de locadoras, registrava ocorrências falsas de roubo e, depois, tentava extorquir os proprietários das empresas

10/10/2025 - 12h54min


Guilherme Gonçalves
Guilherme Gonçalves
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Polícia Civil/Divulgação
Um dos pontos investigados é um centro de desmanche em Portão, credenciado pelo Detran-RS.

A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (10) uma operação no Vale do Sinos para desarticular um grupo criminoso suspeito de forjar roubos de carros alugados, aplicar golpes de extorsão e desmontar os veículos. A ofensiva cumpre cinco mandados de busca e apreensão: três em Novo Hamburgo (nos bairros Canudos e Roselândia), um em Estância Velha (bairro União) e outro em Portão (Rincão do Cascalho). 

Os policiais buscam provas nas casas dos investigados e em endereços apontados como locais por onde passou um dos automóveis usados no esquema, antes e depois de ser falsamente registrado como roubado. Os suspeitos não estavam nos locais

De acordo com o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, responsável pelo caso, o grupo alugava veículos de locadoras, registrava ocorrências falsas de roubo e, depois, tentava extorquir os proprietários das empresas. Quando as ameaças não davam resultado, os carros eram desmontados ou revendidos. 

Um dos pontos investigados é um centro de desmanche de veículos (CDV) em Portão, credenciado pelo Detran-RS, onde um carro desapareceu após ser levado ao local. Imagens de câmeras de segurança mostram o veículo entrando no pátio do estabelecimento e, em seguida, sumindo do alcance das gravações. Outro endereço alvo da ação é uma empresa de reboques no bairro Canudos, em Novo Hamburgo, por onde também teria passado o automóvel rastreado.

— Os indivíduos não foram localizados e não se apresentaram no CDV. Eles ainda têm o direito de se defenderem. Faremos interrogatórios e depois vamos remeter o indiciamento ao Judiciário. Encontramos peças de origem suspeita, inclusive compatíveis com o veículo subtraído — diz o delegado. 

Além das peças, foi encontrada uma ferramenta chamada "raquete". Ela é utilizada para encontrar rastreadores em veículos. Também foram apreendidos telefones, computadores e documentos de locação de veículos. O Detran-RS, que acompanhou a ação, encontrou irregularidades no CDV e irá tomar medidas para o fechamento da unidade. 

Polícia Civil/Divulgação
Equipamento chamado de "raquete" é usado para localizar rastreador em veículos.

Investigação começou com o aluguel de um Onix

As apurações começaram em agosto, quando um homem alugou um Chevrolet Onix em uma locadora de pequeno porte em Novo Hamburgo. Dias depois, registrou uma falsa ocorrência de assalto no centro da cidade. A investigação revelou que o rastreador do veículo havia sido retirado antes do suposto crime e que o carro esteve no desmanche de Portão. Mesmo desconectado, o aparelho continuou emitindo sinal da bateria, o que permitiu à polícia mapear o trajeto e identificar os envolvidos. 

O proprietário da locadora relatou ter recebido mensagens e ligações de um dos suspeitos, que dizia saber onde o veículo estava escondido, mas exigia pagamento para revelar o local. Em paralelo, o Onix foi encontrado anunciado para venda em uma plataforma on-line, por um preço muito abaixo do valor de mercado. O carro nunca foi recuperado.

As buscas desta sexta-feira foram solicitadas pela 1ª Delegacia de Polícia de São Leopoldo e contaram com apoio técnico do Detran-RS. A ação foi batizada de Operação Rastreio, em alusão ao dispositivo que permitiu acompanhar a movimentação do carro e dos suspeitos. 

— Acreditamos que seja um modus operante muito comum para muitos outros golpes. A investigação revelou uma série de crimes articulados pelo mesmo grupo. Tudo começou com a locação de um veículo que teria sido roubado, mas descobrimos que o locatário simulou o crime. Esse carro foi levado a um centro de desmanche em Portão e, durante as apurações, o dono da locadora recebeu ligações de um indivíduo pedindo dinheiro para devolvê-lo. Ao mesmo tempo, o veículo era anunciado na internet — detalhou o delegado Martins.

Os suspeitos têm antecedentes por receptação, adulteração de sinal identificador de veículo e associação criminosa. Após o cumprimento das diligências, o inquérito será concluído e encaminhado à Justiça, com os indiciamentos cabíveis. 


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