Polícia



Seleção para soldado

MP investiga eliminação de mulheres em teste físico de concurso para o Corpo de Bombeiros do RS

Concorrentes dizem que cerca de 80% das candidatas do sexo feminino foram reprovadas e que houve desproporcionalidade em exercício

26/10/2025 - 16h19min


Pâmela Rubin Matge
Pâmela Rubin Matge
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Anderson Fetter/Agencia RBS
Concurso é realizado pela Fundatec.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) instaurou um procedimento após receber relatos de supostas irregularidades no concurso para o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS). O MP solicitou manifestação da corporação até a próxima quinta-feira (30). O processo seletivo é organizado pela Fundação Empresa e Tecnologia e Ciências (Fundatec).

Dezenas de candidatas alegam que o problema se deu durante o Teste de Aptidão Física (TAF), realizado no dia 15. A etapa é classificatória. O grupo diz que houve desproporcionalidade no exercício de simulação de resgate, o que resultou, segundo elas, na eliminação de cerca 80% das concorrentes do sexo feminino.

O desafio exigia arrastar um "boneco" de 70 quilos por 50 metros em até 36 segundos. Piso irregular e espera de até cinco horas entre exercícios também estão entre outros fatores prejudiciais citados.

— Foi muita injustiça. Eu passei em outras cinco atividades: na barra, abdominal, corrida, natação, subida de corda e rodei no boneco. Eu alcancei na linha de chegada, o pé do boneco ficou na mesma linha e me deram inapta. Foram várias injustiças coletivas — lamenta Julia Fagundes, 19 anos, estudante de nutrição.

As concorrentes também relatam que critérios diferentes teriam sido usados na mesma prova quando aplicada aos homens.

— Não deram tempo hábil para que pudéssemos ajustar a pegada do boneco no início do teste. Já os guris (concorrentes do mesmo concurso) puderam fazer isso, e eles mesmos nos relataram. Nossas manifestações não são um ataque aos bombeiros. Trata-se inteiramente do despreparo dos avaliadores e da banca — conta Karen Schallemberger de Oliveira, 22 anos, auxiliar de escritório.

As candidatas ainda relatam desacordo com as normas previstas no edital, questionam equidade e razoabilidade no concurso e exigem revisão dos resultados, bem como anulação do teste físico.

— Fomos surpreendidas no momento da prova, ocasionando uma reprovação em massa. As candidatas se preparam e abdicaram de muitas coisas por meses, mas, infelizmente, no dia da prova foi diferente. Teve despreparo da banca de examinadores e falta de fiscalização. Até o momento, não temos nem sequer uma explicação ou posicionamento dos responsáveis — relata a estudante de gestão pública, Larissa Duarte, 26 anos.

As queixas também foram levadas à Ouvidoria-Geral do Estado (OGE) e a representações da Assembleia Legislativa.

A ouvidoria do Estado informou que recebeu "demandas sobre a prova e as encaminhou para apuração do órgão competente, o CBMRS, que tem 20 dias para responder, podendo o prazo ser prorrogado por mais 10 dias".

O que diz a Fundatec

Procurada pela reportagem, a Fundatec  enviou a seguinte manifestação: "O concurso transcorre dentro do previsto pelos editais e desconhecemos qualquer irregularidade."

O que diz o Corpo de Bombeiros

O Corpo de Bombeiros publicou nesta sexta-feira (24), em seu site, a seguinte nota:

O Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), diante de notícias falsas sobre a fase do Teste de Aptidão Física (TAF) do Concurso para Soldado Bombeiro Militar, informa que o exame NÃO FOI ANULADO.

Alertamos para a propagação de notícias falsas, lembrando que é preciso sempre certificar a procedência das informações, procurando sempre a fonte da notícia.

Todas as informações relativas ao certame são publicadas em Diário Oficial do Estado e, posterior, no site do CBMRS.


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