Polícia



Caso Andrei 

PM é condenado a 46 anos de prisão por estuprar e matar sobrinho de 12 anos em Porto Alegre 

Julgamento terminou nesta terça-feira (28). Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, 12 anos, foi morto em 2016, na zona sul da Capital

29/10/2025 - 10h09min


Lisielle Zanchettin
Lisielle Zanchettin
Enviar E-mail
Airton Lemos
Enviar E-mail
Vinicius Coimbra/Agência RBS
Menino morreu em novembro de 2016, quando tinha 12 anos.

Quase nove anos após o crime, o policial militar da reserva Jeverson Olmiro Lopes Goulart foi condenado a 46 anos de prisão por estuprar e matar o próprio sobrinho. Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, 12 anos, foi morto em 2016, na zona sul de Porto Alegre. 

A sentença foi lida na tarde desta terça-feira (28) pelo Tribunal do Júri. O réu foi condenado por homicídio duplamente qualificado para ocultar outro delito e recurso que dificultou a defesa da vítima — e estupro de vulnerável. Conforme a decisão, a pena deverá ser cumprida em regime fechado. Atualmente, Jeverson vive no Rio de Janeiro. 

Após a decisão judicial, Cátia Goulart, mãe de Andrei, afirmou que a Justiça foi parcialmente feita. 

— A sentença é justa em termos. A prisão dos assassinos mostra que os crimes são punidos, mas nada traz o Andrei de volta — afirmou.

Cátia foi decisiva para que o brigadiano, que é irmão dela, fosse denunciado pelo crime. O caso inicialmente foi tratado como um suicídio. Ao ser questionada pelo namorado se acreditava no suicídio do filho, ela relembrou situações que passaram despercebidas: o comportamento do irmão durante o Natal, o pedido inusitado para ficar com roupas de Andrei e o clima de festa planejado para o Réveillon.

— Foi como abrir uma cortina. As peças começaram a se encaixar e eu percebi que o meu irmão havia matado o meu filho — contou.

Mesmo com a condenação, Cátia diz que a dor permanece. Para ela, o desfecho representa um avanço coletivo:

— Quero que a história do Andrei sirva de exemplo. Que as pessoas acreditem nas vítimas e não se calem diante da injustiça.

"Condenação traz o sentimento de dever cumprido", diz promotora

A promotora de Justiça  Lúcia Helena Callegari, que atuou no caso ao lado de Eugênio Paes Amorim, expressou alívio com a sentença condenatória que encerrou anos de investigação e incertezas. Segundo ela, a decisão representa o fechamento de uma luta marcada pela persistência da mãe da vítima — que, sozinha no início, insistiu em provar que o filho não havia cometido suicídio, mas sido assassinado.

— Foi uma jornada longa e dolorosa, mas com um resultado justo. A condenação traz o sentimento de dever cumprido, principalmente por ver o sofrimento dessa mãe transformado em justiça — afirmou a promotora, ao comentar a decisão.

Ela disse, ainda, que o resultado representa não apenas a punição do responsável, mas também a reafirmação da confiança da sociedade na Justiça:

— Agora esperamos o cumprimento imediato do mandado de prisão. Mais do que uma sentença, essa decisão mostra que a verdade prevaleceu.

O júri foi realizado no Foro Central de Porto Alegre, e os trabalhos foram conduzidos pela juíza Anna Alice da Rosa Schuh, da 1ª Vara do Júri da Comarca da Capital.

Procurada pela reportagem de Zero Hora, a defesa do policial militar ainda não se manifestou.

Relembre o crime

O caso foi revelado por Zero Hora em março de 2020, após a mãe do menino, Cátia Goulart, insistir por três anos e conseguir uma reviravolta no caso, que havia sido concluído pela Polícia Civil como suicídio. 

O crime aconteceu em 30 de novembro de 2016, na zona sul de Porto Alegre. O homem é tio do menino. Segundo a denúncia do Ministério Público, o caso ocorreu entre os dias 29 e 30 de novembro de 2016 na casa onde a vítima morava com a família, no bairro Tristeza. Andrei Ronaldo Goulart Gonçalves, 12 anos, foi encontrado morto com um tiro na cabeça.

O óbito ocorreu quando ele estava sozinho com o tio, Jeverson Olmiro Lopes Goulart, brigadiano da reserva.

Conforme o Ministério Público, ele estuprou o adolescente no dia 29. Depois, para ocultar o crime, efetuou o tiro enquanto a vítima dormia, na madrugada seguinte, dia 30. Além disso, após o homicídio, foi feita a manipulação da cena para forjar um suicídio.

Últimas Notícias