"Quarta-feira Santa"
Código usado por criminosos no WhatsApp fez polícia desmantelar esquema de tráfico de drogas no RS
Grupo compartilhava vídeos e dados sobre alvos, possíveis compradores e estratégias para evitar ações policiais

Do flagrante de armazenamento de drogas em um pavilhão na zona norte de Porto Alegre a mensagens em um grupo no WhatsApp, a rota do crime mapeada em 2023 culminou na operação da Polícia Civil deflagrada nesta terça-feira (4).
Intitulada "Quarta-feira Santa", a ofensiva cumpre 22 mandados de prisão preventiva e 30 de busca e apreensão na Capital, municípios da Região Metropolitana e do Litoral Norte. Até as 7h, 13 pessoas foram presas. Trabalham na operação 105 policiais.
A investigação tem como alvo uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas e ao comércio ilegal de armas de fogo. As apurações tiveram início após um flagrante da Brigada Militar que apreendeu 858 quilos de maconha na quarta-feira de 7 de junho de 2023. O dia da semana escolhido pelos criminosos também deu nome a um grupo de WhatsApp criado por eles para sincronizar a logística de chegada, guarda e distribuição de cargas de drogas.
— O plano era armazenar a droga e as armas a partir daquela "quarta-feira santa", como eles a chamaram e criaram o grupo em um aplicativo de mensagens com mesmo nome. Possivelmente, chegaria mais coisas naquele galpão, mas eles foram descobertos. Ao longo da investigação, identificamos pelo menos 22 pessoas diretamente envolvidas, mas temos certeza de que há muito mais gente no esquema — relata o delegado Wesley Lopes, responsável pela investigação e titular da 2ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (2ª DIN/Denarc).
A investigação
O depósito onde quase uma tonelada da droga foi apreendida ficava no Beco José Paris, no bairro Sarandi, em Porto Alegre. No mesmo dia, policiais localizaram 24 quilos do mesmo entorpecente em um endereço no município de Alvorada.
Ao longo das diligências, foram documentadas negociações de armamentos de variados calibres, bem como a oferta de munições. Foram descobertas tratativas relacionadas à venda de entorpecentes, como maconha, cocaína, LSD, comprimidos de ecstasy e MD, evidenciando a atuação dos investigados em múltiplos ramos ilícitos.

As apurações identificaram a existência de um fluxo contínuo de informações entre os investigados, que compartilhavam pelo grupo de WhatsApp imagens, vídeos e dados sobre alvos, possíveis compradores e estratégias para evitar a detecção policial.
Conforme a polícia, o fluxo do tráfico de drogas do grupo criminoso partia do Paraná com destino ao Rio Grande do Sul. Entre as cidades de atuação dos criminosos estão Camaquã, Montenegro, Alvorada, Viamão, São Lourenço do Sul, Cachoeirinha, Tramandaí e Quintão.