Inquérito
Técnica de enfermagem é indiciada por superdosagem que deixou bebê em coma em hospital de Porto Alegre
Criança segue internada, sem perspectiva de receber alta; Hospital de Clínicas disse ter apurado o caso e que está colaborando com a investigação policial



Uma técnica de enfermagem de 29 anos foi indiciada na quarta-feira (10) por administração culposa de droga no caso do bebê de um ano e dois meses que ficou em coma após receber uma superdosagem medicamento. O caso ocorreu no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) no início de maio e foi registrado pela família na Polícia Civil.
O hospital disse ter feito uma apuração interna sobre o caso e que colabora com a investigação da polícia. Segundo a instituição, nesta sexta-feira (12), o menino segue internado em estado grave de saúde, sem previsão de alta.
Conforme o prontuário, a criança teria recebido uma dosagem de metadona 10 vezes superior à prescrita pela equipe médica. O medicamento é utilizado contra dor e para sedação do paciente.
Além da administração culposa de droga, a trabalhadora também foi responsabilizada por lesão corporal culposa em razão da negligência –omissão no dever de cuidado ao preparar e aplicar a medicação.
Erro na administração do remédio
Segundo apurado na investigação da 3ª Delegacia de Polícia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), o bebê foi encaminhado ao hospital, em 5 de maio, para realização de cirurgia do sistema gastrointestinal, que foi realizada com sucesso.
Dois dias após a cirurgia, a criança foi transferida da unidade de tratamento intensivo (UTI) para a enfermaria pediátrica, diante da estabilidade do quadro clínico.
Naquele momento, a medicação foi administrada em quantidade superior à prescrita, acarretando em uma parada cardiorrespiratória e danos neurológicos no bebê, o levando ao coma.
— Segundo a documentação hospitalar e laudo pericial do Instituto-Geral de Perícias, a prescrição feita pelo médico foi correta, ocorrendo erro na sua administração, que foi realizada pela técnica de enfermagem — disse a delegada Alice Fernandes, da 3ª DPCA.
Por isso, a profissional foi indiciada por administração culposa de droga e lesão corporal culposa.
O que diz o HCPA
O hospital não informou se a funcionária foi afastada do trabalho por conta do indiciamento. Leia a nota sobre o episódio enviada à Zero Hora:
"O Hospital de Clínicas de Porto Alegre informa que a criança continua internada na instituição, recebendo suporte e assistência integral, com quadro de saúde que permanece grave.
Foi realizada apuração interna, disponibilizadas informações para a Polícia Civil e o hospital segue à disposição do poder público, observando a natureza sigilosa dos processos criminal e administrativo."