Política



Pregação evangélica

Em Santa Cruz, Feliciano prega por "liberdade de consciência antes de liberdade sexual"

Presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara atrasa quase sete horas em evento no Ginásio Polidesportivo da cidade; à tarde, cerca de 150 estudantes protestaram contra a visita do parlamentar

15/06/2013 - 22h12min

Atualizada em: 15/06/2013 - 22h12min


Após um atraso de quase sete horas, o pastor Marco Feliciano - que em princípio chegaria a Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo, às 13h30min e entrou nas dependências do Ginásio Polidesportivo municipal apenas às 20h15min -, pregou para pouco mais de 200 fiéis que aguardavam com ansiedade a chegada do polêmico deputado. No evento, organizado pela Igreja Evangélica Pentecostal Ebenezer Conservadora, a reportagem teve acesso por poucos minutos ao discurso do parlamentar. Ele não quis conversar com a imprensa, nem deu justificativa para a recusa.

Um dos temas que abordou em sua pregação foi o da relação homoafetiva. Nas palavras de Feliciano, há uma censura de pensamento às ideias religiosas.

- Antes da liberdade sexual, existe a liberdade de consciência. Eu tenho o direito de pensar. Parece que vivemos em uma ditadura. Mas não. Vivemos em uma democracia - exclamou, arrancando aplausos e gritos de incentivo do público presente.

O pastor chegou a Santa Cruz em um veículo Palio Weekend, depois de ter participado de um culto em Sapucaia do Sul. Atrasado, ele entrou rapidamente em uma garagem do ginásio guarnecida por grades e seguranças da igreja com mais três assessores. Na chegada, o veículo que levava o deputado quase atropelou os poucos jornalistas que esperavam por uma palavra do presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias desde a manhã deste sábado.

Conforme a assessoria do parlamentar, ele deve voltar ainda na noite deste sábado para Brasília para compromissos políticos. Na sexta-feira à noite, Marco Feliciano foi o convidado ilustre de inauguração da Catedral de Avivamento da Assembleia de Deus, em Gravataí.

Protestos de estudantes à tarde

Na tarde deste sábado, um grupo de cerca de 150 estudantes - a maioria da Unisc (Universidade de Santa Cruz do Sul) - protestou contra a visita de Marco Feliciano à cidade. Eles se aglomeraram em frente à entrada principal do ginásio polidesportivo cantando frases provocativas ao parlamentar, como "Eu amo homem, amo mulher. Tenho o direito de amar quem eu quiser" e "A nossa luta é contra o racismo, machismo e homofobia".

Uma das organizadoras da manifestação, Patrícia Müller, estudante de enfermagem da Unisc, lamentou a vinda do pastor e explicou que os estudantes estão estupefatos com as ideias "anacrônicas" de Feliciano.

- Somos contra a escolha dele para uma comissão tão importante, como a de Direitos Humanos e Minorias da Câmara. É um absurdo. Ele atrasa o país com esse pensamento - frisou.

O grupo jogou cédulas no chão, em frente ao culto da Igreja Evangélica Pentecostal Ebenezer Conservadora, criticando a prática dos dízimos. Os fieis provocavam com benções. Apesar do aparato de 40 brigadianos e integrantes do POE (Pelotão de Operações Especiais), não houve incidentes.


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