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Bom exemplo na Zona Norte

Moradores de vila de Porto Alegre se unem para acabar com o barro na rua

As 90 famílias do Beco Recanto do Chimarrão, na Zona Norte, juntaram dinheiro para terminar com um problema de 30 anos

06/07/2015 - 07h02min

Atualizada em: 06/07/2015 - 07h02min


Mateus Bruxel / Agencia RBS

Cansados de atolarem os pés na terra vermelha do Beco Recanto do Chimarrão, localizado na vila de mesmo nome, na Zona Norte de Porto Alegre, moradores decidiram dar fim à lama e à poeira. Unidos, 90 dos 93 vizinhos arrecadaram dinheiro para espalhar brita número 02 (a mais graúda) ao longo dos 600m da via, a única da localidade.

Uma das idealizadoras da ação conjunta, a operadora de caixa Vanda Costa Martins, 48 anos, conta que a ideia surgiu no final de maio, quando a chuva impossibilitava mais uma vez os moradores de circularem pelo beco sem atolar. 

- Pensamos em fazer algo sem pedir ao poder público. Como não temos saneamento básico, não podíamos pavimentar. Nos restou espalhar a brita, que ajudaria a acabar com o barro e não prejudicaria o escoamento da água - conta Vanda.

De porta em porta, ela e outros vizinhos, entre eles, o pedreiro Orvandino de Bittencourt, 59 anos, pediram a contribuição de R$ 50 para cada uma das famílias da via. Inexperientes, se esqueceram de orçar os gastos com o material.

Comemoração


Apesar dos R$ 4,5 mil arrecadados, a brita custou o dobro do arrecadado - tudo comprovado em notas. Cada metro cúbico do material custa R$ 60. Orvandino, sozinho, conta ter desembolsado mais R$ 1,7 mil. 

- Só pensava que nunca mais ficaria com os meus chinelos atolados no barro. Valeu a pena! Posso caminhar sem sujar os chinelos nem as roupas - diz, satisfeito, o pedreiro.

No sábado passado, os últimos metros de brita foram espalhados. A alegria foi geral. Teve até faixa para marcar o fim do barro.

- Em um mês, fizemos mais do que três mandatos da associação de moradores. Só foi preciso união - resume Orvandino.

Para Vanda, apesar do prejuízo financeiro, fica o exemplo para novas ações:

- É muito confortável ficar sentado esperando e reclamando. Esperamos 30 anos pela regularização deste lugar, mas nunca veio. Se a gente não se ajuda, ninguém faz por nós.

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Os vizinhos estão faceiros com o fim do barro
Foto: Mateus Bruxel


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