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Preciosidades fúnebres

Na sexta-feira 13, um passeio noturno para redescobrir o cemitério

Cerca de 100 pessoas participaram de roteiro para apreciar peças de arte em túmulos e mausoléus no Cemitério da Santa Casa

14/05/2016 - 00h10min

Atualizada em: 20/05/2016 - 22h12min


Jéssica Rebeca Weber
Jéssica Rebeca Weber
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Em uma noite fria de sexta-feira 13, cerca de 100 pessoas participaram de um roteiro enriquecedor – e um tantinho macabro também. A visita guiada do projeto Passeios pela Arte ocorreu dentro do Cemitério da Santa Casa de Misericórdia, em Porto Alegre. O grupo pôde observar túmulos, mausoléus e alegorias enquanto o guia José Francisco Alves dava uma aula de história.

– O cemitério é um museu a céu aberto – destaca o doutor em história da arte.

O roteiro passou por estruturas curiosas e gigantes, como a que guarda o corpo do político Maurício Cardoso, que foi interventor federal no estado do Rio Grande do Sul durante o Estado Novo e ministro da Justiça. O túmulo foi feito pelo mesmo escultor do Laçador, Antônio Caringi. Possui uma estátua de mulher, maior do que tamanho real, representando a justiça virtuosa, com um livro na mão e cactos no pé.

Amanda Eltz, historiadora do Centro Histórico Cultural Santa Casa, lembra que os grandes jazigos eram construídos para mostrar a representação da família – uma forma de ostentação. A arte cemiterial, cujos tempos áureos terminaram na década de 1930, demandava grandes fortunas, como acrescenta Alves:

– Era tudo muito caro. Imagina importar, no início do século 20, uma estátua razoavelmente grande da Itália, que é de onde vinha a maioria das alegorias.

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A escolha de uma sexta-feira 13 para a realização da edição se deu para atiçar ainda mais a curiosidade das pessoas – só faltou a lua cheia, lamentavam alguns participantes. O passeio ocorreu à noite para proporcionar-lhes uma perspectiva diferente do local.

– É uma visão do cemitério que normalmente a gente não tem. E não acho que cabe muito misticismo: esse lugar guarda a história do nosso povo – diz a bibliotecária Lais Freitas, 60 anos.

Grupo junto ao túmulo do político Júlio de Castilhos

A estudante de jornalismo Juliana Mastrascusa, 19 anos, resolveu participar por curiosidade, e acabou se surpreendendo. Nunca havia reparado nas esculturas grandiosas em materiais nobres que podem existir dentro de um cemitério.

– É um lugar que a gente está acostumado a vir quando ocorre algo ruim, mas tem tanta coisa bonita – diz.

O evento foi organizado pelo Atelier Livre da Secretaria da Cultura de Porto Alegre em parceria com o Centro Histórico e Cultural da Santa Casa.

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