Após tragédia
Detentos de Canoas removem marcas falsificadas de tênis para doação a atingidos por enchentes no RS
Ao todo, 750 pares de calçados foram encaminhados para as regiões mais afetadas pelas chuvas
Cerca de cem apenados do Complexo Prisional de Canoas, na Região Metropolitana, participaram de força-tarefa para remoção das marcas falsificadas de 750 pares de tênis. O objetivo: destinar os calçados para as pessoas afetadas pelas cheias que atingiram principalmente o Vale do Taquari.
O material havia sido apreendido pela Receita Federal de Santa Maria, na Região Central. Foram quase duas horas de trabalho retirando qualquer indicativo de logomarcas e etiquetas. Na sequência, os tênis já descaracterizados precisaram ser embalados novamente, ficando prontos para pegar a estrada rumo ao destino final.
— São completamente novos, similares aos originais. Levamos os tênis até Encantado — relata o titular da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Mateus Schwartz dos Anjos.
Segundo a Susepe, o Complexo Prisional de Canoas possui termo de cooperação com 14 empresas, que desenvolvem atividades nas áreas de marcenaria, reciclagem de lixo e de lixo eletrônico, costura e construção de contêiner. O convênio para trabalho contempla 220 apenados da unidade, quase 10% do número total de detentos — são 2.394, conforme dados de agosto de 2023.
— A gente tem dois tipos de trabalho: o remunerado e o não-remunerado. Normalmente, o remunerado é por meio de termos de cooperação com empresas, que pagam os apenados, e o trabalho não-remunerado é feito para o Estado, como foi o caso agora. Neste caso, eles recebem a remição: a cada três dias trabalhados, um dia de pena remido (cumprido).
Além de possibilitar o desenvolvimento de novas habilidades e a remição da pena, a ação, neste caso, permitiu aos detentos auxiliarem no trabalho de quem mais precisa de ajuda neste momento: os atingidos pelas enchentes.